sábado, 1 de dezembro de 2012

Mundo de Guimarães Rosa seduz público no Teatro Raimundo Magalhães Júnior | RJ


A Academia Brasileira de Letras dedica o 3º Ciclo de Conferências ao médico e diplomata que inventou palavras e imortalizou vocábulos. Sob a coordenação do Acadêmico Antonio Carlos Secchin, a homenagem aos 100 anos do nascimento de Guimarães Rosa vai desvendar o mundo de neologismos do escritor mineiro no Teatro R. Magalhães Jr.

A abertura da série aconteceu no dia 27/5, com a pesquisadora austríaca Kathrin Rosenfield. Professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rosenfield trouxe à tona "O 'estrangeiro interno' de J. G. Rosa".

A palestra encontra-se disponível em vídeo e fotografia no Arquivo Múcio Leão, no Centro de Memória da ABL.



A volta ao mundo roseano

Um ano antes de concluir a Faculdade de Medicina (1930), o mineiro João Guimarães Rosa cedeu à sedução que a literatura exerce naqueles que serão grandes escritores, e publicou "O mistério de Highmore Hall", na revista "O Cruzeiro". O conto marcava a estréia literária do futuro médico.

Já diplomata, o fascínio pelo contar histórias cresceu e evoluiu para criar palavras. "Sagarana", livro de contos publicado em 1946, mostra o hibridismo na junção de "saga" (lenda, fábula) e "rana" (à maneira de; à espécie de). Em uma tradução livre, o título significa "Uma espécie de saga". A obra colocou Rosa em um patamar de destaque entre os escritores brasileiros pela linguagem inovadora do regionalismo e riqueza simbológica.

Em 1956, o escritor lança "Grande sertão: Veredas", seu único romance. Considerado um dos mais importantes textos da literatura brasileira, a leitura e interpretação do livro constituem um constante desafio para quem se habilita a lê-lo.

O universo de Guimarães Rosa é marcado pela experimentação e recriação da linguagem. O autor tinha a tarefa de captar a realidade através de invenções semânticas e sintáticas. Apesar do falecimento em 1967, o mundo roseano convida cada vez mais leitores a dar voltas no infinito da língua.

Saiba mais:

Kathrin Holzermayr Rosenfield nasceu na Áustria, fez doutorado sobre literatura, história e filosofia em Paris (com J. Le Goff) e em Salzburg, Áustria. Ela vive no Brasil desde 1984.

É pesquisadora do CNPq, e leciona na UFRGS, nos PPG Letras e PPG Filosofia. Criou o Núcleo Filosofia-Literatura-Arte em 2000 e dirige esse centro de pesquisa que desenvolve as relações entre pesquisa acadêmica, criação artística e comunicação com a sociedade, promovendo eventos científicos e espetáculos como Antígona (2004-5) e Hamlet (2006-7).

Entre outros livros, publicou na editora Galilée, Paris, Antigone - De Sophocle à Hölderlin, e uma nova edição brasileira da tragédia Antígona de Sófocles (trad. Lawrence F. Pereira, notas Kathrin H. Rosenfield), Rio de Janeiro, Topbooks, 2006. Desenveredando Rosa. Ensaios sobre a obra de J. G. Rosa, Rio de Janeiro, Topbooks, 2006 (450 pp.) e Estética, Zahar, Rio de Janeiro (Passo a Passo), 2006.

Neste momento, ela está lançando Grande Sertão Veredas – Roteiro de leitura, Topbooks 2008 e prepara um novo livro sobre a tragédia de Sófocles Édipo Rei.


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