segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Um rato na biblioteca "Carta Capital"

Meu fascínio por biblioteca vem de longe, vem do tempo em que subia numa cadeira para escolher algum livro do meu agrado para roer com a voragem de principiante. Era a biblioteca do meu pai, a primeira que frequentei sem ainda ter noção do que fosse uma biblioteca, pois aquilo tinha cara de ambiente natural, apenas mais um cômodo da casa.
Mas a biblioteca do meu pai não era lá muito rica em literatura e, quando nos mudamos para Carazinho, norte do Rio Grande do Sul, tinha já roído tudo que havia para roer em casa, então desci da cadeira. Estava numa idade em que as ruas de uma cidade não me assustavam mais. Melhor ainda, nossa casa ficava a três quarteirões do prédio da prefeitura. Não me lembro de como descobri, o certo é que um dia me encontrei em uma sala daquele vetusto prédio conversando com a moça que ficava sentada atrás de uma escrivaninha, sobre a qual uma caixinha de madeira continha milhares de fichas.
A bibliotecária, depois de me fazer mil perguntas, de onde vinha, de que mais gostava, coisas assim, fez uma ficha onde escreveu meu nome, meu endereço, e registrou o primeiro livro que levei emprestado. Não, não me lembro qual foi. Só sei que Victor Hugo, Alexandre Dumas e outros cavalheiros que me foram apresentados passaram a fazer parte da minha família. Terminava de ler um livro e voltava lá. Não posso me esquecer do sorriso com que aquela moça me atendia, dando sugestões, fazendo perguntas sobre o livro anterior. Ficamos amigos.
Em seguida fui parar em uma escola de São Paulo como aluno interno. Ah, maravilha! Perdi o ano letivo, mas encontrei uma bibliotecária e um colega mais culto do que eu e foi assim que li praticamente todo o Alexandre Herculano e de quebra diversos livros do Paulo Setúbal. Machado e Alencar, a esta altura, me acompanhavam em minhas aventuras. Nesta época me deu vontade de escrever um romance com o estilo do José de Alencar. Aquelas descrições dele, das matas do Brasil, da poeira de sol sobre as copas das árvores me deixavam encantado. Cheguei a escrever o romance. Mas onde podem ter parado aqueles cadernos? Em Porto Alegre, naquele prédio antigo pintado de amarelo, ali perto do teatro São Pedro, comecei a modernizar minhas preferências. Alternava as retiradas de livros da biblioteca pública com as visitas à Livraria Globo, na rua da Praia. Sentava no corredor, entre as prateleiras e ficava lendo orelha de livros até encontrar algum que me desse vontade de comprar.
Foi nesse tempo que fui apresentado à 2ª Geração Modernista brasileira. E saber que se pode também escrever sobre as coisas do presente, sobre as coisas conhecidas, ah, isso me dava calafrios. O Erico Verissimo, falando de umas pessoas muito parecidas com meus parentes do interior, representou o dedo no gatilho. Dos meus primos, quem podia falar melhor do que eu?
Nunca mais consegui passar por uma biblioteca sem fazer uma reverência. Lugar sagrado, tabernáculo de conhecimento e beleza. E as livrarias (tão poucas no Brasil) foram sempre uma ameaça ao meu equilíbrio orçamentário. Não faz mal, ambas, livrarias e bibliotecas, são o outro mundo, muito mais rico, muito mais prazeroso do que o ramerrão do dia a dia.

segunda-feira, 18 de novembro de 2013

Chamada para publicações - Revista Artefactum



CHAMADA DE ARTIGOS
Revista ARTEFACTUM (Qualis B) – Edição de FEVEREIRO 2014
Tema: AS METAMORFOSES E FRONTEIRAS REAIS E VIRTUAIS E AS PERFORMANCES DO CORPO NO CENÁRIO COTIDIANO.

Mais informações: Revista Artefactum

Imagem para capa da revista

Chamada para publicação - Revista Mester

Mester está recebendo textos para a publicação do número 43 de sua revista: convidamos pesquisadores da cultura, literatura e linguística hispano americana, espanhola, brasileira, portuguesa, latina e chicana a enviar artigos científicos, entrevistas e resenhas para edição 2014.

Mais informações: Revista Mester

Chamada para publicação - Revista Anuário de Literatura


Como parte do processo de submissão, os autores são obrigados a verificar a conformidade da submissão em relação a todos os itens listados a seguir. As submissões que não estiverem de acordo com as normas serão devolvidas aos autores.
A contribuição é original e inédita, e não está sendo avaliada para publicação por outra revista; caso contrário, justificar em "Comentários ao Editor".
Os arquivos para submissão estão em formato Microsoft Word, OpenOffice ou RTF (desde que não ultrapasse os 2MB)
Todos os endereços de páginas na Internet (URLs), incluídas no texto (Ex.: http://www.ibict.br) estão ativos e prontos para clicar.
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O texto segue os padrões de estilo e requisitos bibliográficos descritos em Diretrizes para Autores, na seção Sobre a Revista.
A identificação de autoria deste trabalho foi removida do arquivo e da opção Propriedades no Word, garantindo desta forma o critério de sigilo da revista, caso submetido para avaliação por pares (ex.: artigos), conforme instruções disponíveis em Asegurando a Avaliação por Pares Cega.
 

Chamada para publicação - Revista Caligrama

Volume 19, número 1 (1º. sem. 2014)

Tema: Livre

Ementa: Estudos literários que tenham como objeto literatura produzida originalmente em língua românica, analisada individualmente ou comparativamente em relação à(s) produzida(s) em outra(s) língua(s) românica(s)

Data-limite para submissão: 31 de dezembro de 2013

As submissões devem ser feitas através do próprio site da revista.
Deve-se fazer o cadastro e em seguida submeter o arquivo através do link nova submissão.
A formatação do artigo deve seguir as diretrizes da revista (versão 2013).
 
Saiba mais clicando aqui

Revista Todas as Musas - chamada para publicação



O décimo número de Todas as Musas será publicado em Fevereiro de 2014.

Os artigos podem ser submetidos até 25 de Novembro de 2013 (em português, inglês ou espanhol).

Haverá um dossiê Diversidade étnica, psicobiológica e de gênero na literatura e nas artes e uma seção de tema aberto, além das resenhas.

O décimo primeiro número de Todas as Musas será publicado em Agosto de 2014.

Os artigos podem ser submetidos até 05 de Maio de 2014 (em português, inglês ou espanhol).

Haverá um dossiê com trabalhos sobre os Cem Anos de Júlio Cortázar e uma seção de tema aberto, além das resenhas.

O décimo segundo número de Todas as Musas será publicado em Fevereiro de 2015.

Os artigos podem ser submetidos até 10 de Novembro de 2014 (em português, inglês ou espanhol).

Haverá um dossiê com trabalhos sobre os Cem anos da Revista Orpheu e uma seção de tema aberto, além das resenhas.

Pede-se que as normas sejam consultadas, sem o que a submissão pode ser rejeitada sumariamente.

Envie seu trabalho como documento anexo para o endereço eletrônico abaixo. 
 
Saiba mais em Revista Todas as Musas

Chamada para publicação - Revista Desenredo


NORMAS PARA APRESENTAÇÃO DOS ORIGINAIS

OBSERVAÇÃO: Desenredo publica trabalhos inéditos de professores e pesquisadores, vinculados a programas de pós-graduação em Letras e áreas afins, de instituições de ensino e pesquisa nacionais ou internacionais. No caso de trabalhos em coautoria, mesmo que haja autor(es) que esteja(m) cursando o doutorado ou o mestrado, um dos autores, necessariamente, deve possuir o título de doutor e estar vinculado a um programa de pós-graduação stricto sensu na área.
Os artigos deverão ser inéditos e conter entre 15 e 20 páginas. O autor deve anexar ao seu texto uma breve nota biográfica indicando o seu nome completo, local em que leciona e/ou pesquisa, sua área de atuação e e-mail. Deve ser utilizado o sistema SEER da Revista para submeter o artigo, também pode ser remetido o texto pelo correio eletrônico (mestradoletras@upf.br). Os trabalhos encaminhados serão submetidos à aprovação dos membros da Comissão Editorial e/ou do Conselho Editorial. Os conceitos emitidos nos artigos serão de inteira responsabilidade dos autores, não refletindo, obrigatoriamente, a opinião dos pareceristas que integram a Comissão e os referidos Conselhos. A revista não se compromete em devolver os originais recebidos após o processo de análise. Cada artigo publicado dará direito a dois exemplares da revista para o autor (no caso de haver dois ou mais autores, cada um receberá um exemplar). As provas para ajustes de conteúdos e/ou correção de erros de digitação na preparação da versão final para publicação serão enviadas ao(s) autor(es) correspondente(s) e deverão ser desenvolvidas dentro de um prazo máximo de 72 horas por correio eletrônico.

Saiba mais Revista Desenredo

Textos de "Ave palavra", de Guimarães Rosa, estão disponíveis nas páginas do Correio da manhã


EDIÇÃO
PÁGINA(S)
DATA
TÍTULO
AUTOR
16.091
01 e 02
20.04.1947
Histórias de fadas / AP
Guimarães Rosa
16.192
01 e 02
17.08.1947
Sanga Puytã / AP
Guimarães Rosa
16.252
01 e 03
26.10.1947
Com o vaqueiro Mariano / AP
Guimarães Rosa
16.344
01 e 03
15.02.1948
Cidade / AP [= “Em-cidade”]
Guimarães Rosa
16.356
01 e 03
29.02.1948
O mau humor de Wotan / AP
Guimarães Rosa
18.317
07
06.12.1952
A senhora dos segredos / AP
Guimarães Rosa
19.842
09
30.11.1957
Ao pantanal / AP
Guimarães Rosa
19.860
11
21.12.1957
Aquário (Nápoles) / AP
Guimarães Rosa
22.897
01
25.11.1967
Remimento
Guimarães Rosa
Disponível em Biblioteca nacional

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

Textos publicados na revista Veja sobre Guimarães Rosa (sobretudo a primeira edição de "Bicho mau" de Estas estórias)


Alguns textos de Guimarães Rosa ou sobre ele foram publicado na revista semanal Veja. Os arquivos podem ser baixados do acervo digital da revista (www.veja.abril.com.br/acervodigital), com destaque para a primeira edição da narrativa "Bicho mau".

FORTES, Luiz Roberto Salinas. E o sertão ficou ainda maior. Veja, São Paulo, 22 abr. 1981.

LUCAS, Fábio. Rosa imortal. Veja, São Paulo, 23 nov. 1977.

MOURA, Flávio. Nonada e ou­tras invenções. Veja, São Pau­lo, 6 jun. 2001.

RIBEIRO, Leo Gilson. Rosa analisado. Veja, São Paulo, 22 nov. 1972.

ROSA, João Guimarães. “Bicho mau”. Veja, São Paulo, n. 25, p. 35-47, 5 mar. 1969. [Primeira edição de “Bicho mau”; recolhida em Estas Estórias, José Olympio, 1969]


SEM ASSINATURA. Rosa, ima­gens do sertão. Veja, São Pau­lo, 25 jun. 1969.

SEM ASSINATURA. O mundo, seu campo geral. Veja, São Paulo, 5 mar. 1969.

SEM ASSINATURA. As cores do grande sertão. Veja, São Pau­lo, 5 nov. 1969.

SEM ASSINATURA. Guimarães Rosa final. Veja, São Paulo, 24 dez. 1969.

SEM ASSINATURA. O diabo nas veredas do sertão. Folha de S. Paulo, 24 fev. 1970.

SEM ASSINATURA. Na selva de Ro­sa. Veja, São Paulo, 25 mar. 1970.

SEM ASSINATURA. Vaqueiro de Roma. Veja, São Paulo, 17 fev. 1971.

SEM ASSINATURA.. Sagarana: 25 anos. Veja, São Paulo, 13 out. 1971.

SEM ASSINATURA. Imiticências. Veja, São Paulo, 3 maio 1972.

SEM ASSINATURA. Entrevista: Riobaldo Tatarana. Veja, São Paulo, 24 maio 2000.

SEM ASSINATURA. Bobagens de gênio. Veja, São Paulo, p. 102-103, 17 jan. 1996.

TOLEDO, Roberto Pompeu de. O grande livro faz 50 anos. Veja, São Paulo, 20 dez. 1995.

quarta-feira, 6 de novembro de 2013

Entrevista com Tzvetan Todorov - alteridade, humanismo, "A conquista da América", entre outro assuntos


A formação como crítico literário foi apenas o começo da longa carreira de um dos pensadores mais completos dos nossos dias. Autor de mais de 20 livros, Tzvetan Todorov é conhecido hoje principalmente por seu trabalho como ensaísta, historiador e filósofo. Da Conquista da América ao espírito do Iluminismo, seus textos se tornaram clássicos.

Relacionando os interesses intelectuais com a experiência pessoal, Todorov percorre confortavelmente todo o campo humanístico. De modo geral, o conjunto da sua obra se debruça sobre o tema da alteridade. Como o próprio autor admite: “Minha motivação era ser um búlgaro vivendo na França.” A condição de imigrante despertou sua sensibilidade para o encontro dos ameríndios com os europeus no século XVI. E, nos tempos atuais, sabe identificar a intolerância do totalitarismo, mesmo disfarçada como uma messiânica cruzada pelos direitos humanos “universais”. Tudo isso sem abandonar a paixão pela ficção e os grandes escritores. Afinal, é a Literatura que nos faz humanos.

Em São Paulo, durante uma palestra no projeto Fronteiras do Pensamento, Todorov falou sobre sua carreira e as questões latentes da nossa contemporaneidade. No lugar das respostas de quem crê cegamente no progresso, nas páginas a seguir, o leitor encontra as inquietações de uma das vozes mais lúcidas e profundas de um mundo em crise. Talvez por não saber identificar, como ele diz, “o que ainda não está em crise”.

Revista de História – O que o levou a trabalhar com uma variedade tão grande de temas?

Tzvetan Todorov – Nem acho que sejam tão variados assim. Meu horizonte de interesses é muito largo, mas em contrapartida não posso estudar tudo. Não sou um especialista sobre Brasil, por exemplo. Embora tenha vindo diversas vezes, nunca tive a chance de me aprofundar verdadeiramente. Na América, acabei por estudar o México, os maias e outros povos da América Central. Mas não conheço bem Brasil, Peru, Argentina. É necessário fazer escolhas.

RH – E que critérios usa para isso?

TT – Bom, não é fácil, mas sempre senti a necessidade de falar do que diz respeito à minha experiência pessoal. Eu não gostaria, no entanto, de escrever minha autobiografia, ou algo do gênero, mas sim fazer o trabalho de historiador com uma motivação pessoal forte. Percebi muito cedo que, no domínio das ciências humanas, era importante, essencial, uma relação entre o objeto de trabalho e o sujeito que o faz. Escolher os temas arbitrariamente, porque o acaso assim quer, põe em xeque a consistência do trabalho, que corre o risco de se tornar apenas uma reprodução daquilo que já existe.

RH – Qual foi o seu primeiro interesse?

TT – O primeiro tema com o qual fui confrontado foi o da alteridade cultural. Obviamente, minha motivação era ser um búlgaro vivendo na França. Isso causava uma dupla exterioridade, uma dupla diferença. A primeira, linguística, já que cresci em contato com a língua búlgara, que faz parte das línguas eslavas. A grande literatura próxima a mim era a Literatura Russa. É verdade que eu me interessava pelas tradições literárias inglesa, francesa e alemã, mas não tinha conhecimento profundo sobre elas. Portanto, eu era um estrangeiro de outra cultura. A segunda era uma diferença política: os regimes na Bulgária e na França não tinham nada a ver. O primeiro era um regime comunista muito severo na época, anos 1950 e 1960, enquanto, na França, era uma democracia liberal, o contrário de uma ditadura. Então, eu tinha a motivação, mas me faltava a matéria, o objeto.

RH – E o encontrou na Conquista da América?

TT – Sim, porque não achava interessante escrever sobre um búlgaro em Paris. Foi nessa época que, por acaso, fui convidado para lecionar um ou dois meses no México a respeito de questões relativas à crítica literária. Estar no México me impressionou bastante, sobretudo o contato com a forte cultura local e nacional. Fiquei encantado por um livro que contava relatos do encontro entre europeus e indígenas, e bastante interessado pela natureza desse encontro. Não pelo fato em si, pois foi extremamente violento. Mas, confesso, fui arrebatado pela história e me senti muito motivado a falar sobre o encontro de culturas, no caso o encontro das culturas europeia e indígena no século XV-XVI no Golfo do México. Eu aprendi espanhol, li muitos relatos dos conquistadores, de monges franciscanos e dominicanos que contavam a respeito do que haviam testemunhado. Também tive acesso aos preciosos relatos dos indígenas, redigidos tanto na língua deles quanto em espanhol. Diante disso, escrevi esse livro [A Conquista da América, 1982] sobre a relação entre populações que até então se ignoravam. Percebi uma série de coisas que mostram ter sido esse contato muito mais complexo do que imaginava.

RH – Quais?

TT - Percebi que Hernan Cortez não era apenas um peão, mas um sujeito dotado de estratégias de como se infiltrar no outro. Surpreendeu-me a atitude de um universalismo moral, encarnado por Bartolomeu de las Casas, religioso que tentou tratar o espírito de ambos os lados da mesma maneira. Outros testemunhos procuravam preservar as diferenças, reforçar não o que havia de universal, mas o que cada cultura tinha de específico. Bernardino de Sahagún e Diego Duran deixaram documentos de grande riqueza e originalidade. Mitos e lendas se misturam ali, e tudo isso produz um material realmente magnífico. Enfim, escrevi esse livro pensando em minha experiência na França, na condição de estrangeiro imigrado, mas também como um ensaio para reconstituir esse encontro. Minha maneira de escrever a história é sempre dessa natureza: o que me interessa é o caráter exemplar de um movimento, o evento. Poder refletir sobre o presente a partir desses episódios do passado; tirar lições do passado para viver melhor.

RH – Como a Literatura ajuda a entender a História?

TT – Quando se pergunta o porquê da Literatura, só resta responder: porque somos seres humanos. A Literatura é uma necessidade humana, vem da própria existência. Somos animais que consomem voluntariamente grande quantidade de relatos e poesias. Todas as populações do globo, de todas as épocas, contam suas histórias e cantam seus poemas. Somos obrigados, por exemplo, a nos recontar histórias para saber sempre o que fizemos, por isso constituímos essa quantidade enorme de impressões. Vivemos o dia a dia, escutamos tudo o que nos acontece, observamos tudo o que está à nossa volta, e o que resta disso é sempre uma história. Eu encontrei um amigo, tomamos café, falávamos disso ou daquilo etc. Essa é a função narrativa, mas ela se encontra condensada, sublimada e magnificada na Literatura. A ficção conta melhor nossas próprias experiências. As palavras me permitem expressar meus sentimentos, mas também enxergam a pluralidade humana. A Literatura é a forma pela qual percebemos que os seres humanos não vivem cada um no seu mundo, mas numa pluralidade infinita. Apesar dos muitos interesses que tenho, ela continua especial.

RH – A opção pela multidisciplinaridade é uma tendência?

TT – Não saberia dizer se é uma tendência. Eu não tenho exatamente uma carreira acadêmica. Não trabalho muito na universidade, mas em um centro de pesquisa [Centro de Pesquisa de Artes e Linguagens, da Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais de Paris] onde cada um decide por si mesmo a orientação temática do seu trabalho. Lá, ninguém me obrigou a me adaptar a um modelo dado; fui guiado por meus interesses. Sei que não é assim sempre, nem em todas as profissões. Na universidade, por exemplo, o professor é obrigado a repetir seu curso porque não tem tempo de preparar um novo. E a divisão das diferentes disciplinas humanísticas, das ciências humanas e sociais, é um tanto artificial, feita ao acaso. Às vezes, um bom professor de uma cadeira de História Econômica se destaca, e a instituição cria a disciplina História Econômica, o que é um pouco arbitrário. Eu não ensinei muito, quase nada, na universidade. Tive a possibilidade de sempre fazer algo diferente dos meus trabalhos anteriores. Mas, é claro, há aqueles que estudam a mesma coisa a vida toda.

RH – Como é a vida acadêmica na França?

TT – Hoje, a vida acadêmica considerada ideal, pelo menos na França, é aquela em que um intelectual escolhe um autor e com ele passa um longo tempo pesquisando, até que, por fim, escreve sua grande tese, confirmando sua especialidade. Esses intelectuais sabem absolutamente tudo sobre seu escritor, o que já escreveram a seu respeito, sua biografia, suas amantes, seus professores, discípulos, tudo sem exceção. Não surpreende que a grande maioria dos professores de Literatura publique um só livro, que é justamente sua tese, além de alguns pequenos artigos em torno do mesmo escritor.

RH –Qual é a sua opinião a respeito?

TT – Penso que essa é uma concepção muito escolástica. Por mais que escrevam a vida toda sobre alguém, nada disso substitui a experiência da leitura direta. Os estudos literários podem nos ajudar a compreender melhor os escritores, podem desempenhar um útil papel auxiliar, até porque há textos que são realmente difíceis. Um bom comentador e suas reflexões auxiliam muito, uma vez que facilitam o acesso a esse livro, mas nunca substituem o escritor e sua própria prosa.

RH – Há uma valorização excessiva da teoria?

TT – Isso está em evidência. Aliás, uma evidência obrigatória para a qual procurei chamar a atenção. A importância da Literatura não é o método ou teoria com a qual a estudamos, mas é a própria Literatura. Porque ela fala de nós mesmos, da condição humana, da nossa sociedade. Ela nos permite compreender melhor o mundo. Quando lemos um livro, está lá o que é mais importante. Quando eu leio a Flor do Mal,de Baudelaire, a importância não é a metáfora nem as figuras retóricas, e sim o motivo pelo qual continuamos a ler esse poema. É a imagem que nos dá do mundo e de nós mesmos. A Literatura nos ajuda a viver por um enriquecimento de nosso mundo interior.

RH – Foi essa reflexão que o motivou a escrever Literatura em perigo [Difel, 2009]?

TT – Escrevi esse livro, um pouco polêmico, para mostrar que esse tipo de estudo não é mau em si mesmo, mas que se torna sufocante se é a única coisa que fazemos. Podemos estudar a imagem em um poema com a intenção de compreendê-lo melhor, e não pelo prazer de fazer um inventário de suas imagens e de suas figuras retóricas.





RH – Se a Literatura é tão reveladora por si só, por que se aventurar por ouras áreas?

TT – A Literatura é suficientemente rica, séria e interessante para ocupar toda a sua vida. Mas, quando eu comecei, fui privado da possibilidade de tratar de outros temas por conta da minha educação na Bulgária e da forte restrição dos temas que podíamos abordar. Senti-me inclinado, depois, a falar um pouco do mundo que nos rodeia. Tornei-me alguém que pretende incluir a Literatura numa mescla mais vasta, que contém a Filosofia, a Política, a Sociologia, em diferentes tipos de discursos da sociedade, como a Pintura, que é também algo que me interessa muito. Mas nunca abandonei a Literatura. Continuo me servindo dos escritores e me referindo a eles.

RH – O senhor identifica a emergência de um messianismo contemporâneo. Qual a importância desse fenômeno?

TT – O mundo todo, da América do Sul ao Vietnã, se manteve politicamente organizado em torno, até o fim, do conflito da Guerra Fria [Período que se estendeu do final da Segunda Guerra Mundial, em 1945, ao fim da União Soviética, em 1991, marcado pela oposição e pela tensão militar entre os blocos capitalista, liderado pelos Estados Unidos, e socialista, liderado pela União Soviética]. Quando isso terminou, quando deixamos de estar presos à divisão do mundo em dois polos, entramos em nova fase com diferentes características. Uma delas diz respeito às relações internacionais: é a invenção de uma guerra dita humanitária, justificada por um objetivo nobre e generoso. Em geral, esse objetivo consiste em defender os direitos humanos, ajudar as vítimas de violências etc. Mas isso é feito por meio de intervenções militares, o que acaba por produzir muito mais vítimas do que a causa que se pretendia combater. Esse tipo de guerra, a meu ver, é uma das grandes características do nosso tempo. E hoje não há apenas a guerra civil de um lado e as guerras humanitárias do outro. Há muitas outras guerras. No lugar das guerras de conquista ou mesmo ideológicas, há, por exemplo, a guerra punitiva, como a Al Qaeda atacando os Estados Unidos, e, claro, sua resposta imediata, que ainda permanece em curso. Essa é uma guerra tipicamente justificada por nobres razões, o que eu chamo de messianismo.

RH – Qual é a diferença desse messianismo daqueles produzidos nos séculos XVIII e XIX?

TT – A ideia de messianismo carrega um processo levado a cabo pelo Iluminismo e pela Revolução Francesa, mas hoje tem um caráter bastante diferente. Não podemos dizer que nossas guerras se assemelham às guerras coloniais, por exemplo: não se trata de submeter ou integrar um país e sua população ao seu território. Mudaram os ideais, mudaram os meios técnicos, que evoluem muito. Hoje, as guerras também influenciam a condução dos negócios. Mesmo a ideia de direitos humanos daquele período é completamente diferente da nossa. Antes, eles diziam respeito à emancipação do indivíduo.
RH – E hoje?

TT – Enquanto princípio universal, os direitos humanos defendem algumas coisas importantes, como a liberdade do indivíduo, a igualdade perante a lei, a dignidade da pessoa humana, enfim, elementos que podem ser reivindicados por todos. No entanto, o que acontece nos nossos dias é a utilização dessa ideologia como justificativa para uma política agressiva. Podem dizer que em tal país acontecem violações dos direitos humanos, e, portanto, temos o direito de intervir e corrigir. Mas está claro que não podemos impor esses direitos. Isso não nos deve impedir evidentemente de socorrer prisões injustas e torturas, mas é necessário lidar com essas categorias com precaução, sem a ousadia de pensar que nós somos proprietários e juízes desses direitos, e cabe a nós então o papel de agir sobre os outros povos “selvagens”. Somos filhos do Iluminismo, mas nossa relação com algumas de suas ideias é muito diferente. Os direitos humanos não só foram construídos numa época específica, como correspondem a um tipo específico de sociedade ocidental. Há outras sociedades que não reservam um lugar especial ao indivíduo, mas à coletividade, ao grupo. Neste sentido, os direitos humanos não são verdadeiramente universais.

RH – É o fim da crença no progresso?

TT – Sim, mas acho que não nos livraremos dela com facilidade. Mesmo se não acreditarmos mais na teoria do progresso, há, na própria ideia de humanidade, a convicção de que sempre devemos melhorar nossa condição. Houve o momento em que a crença em movimentos políticos, como o comunismo, era muito forte. Certamente uma tentativa de melhorar as condições da massa pobre sofrida. Mais tarde se deram conta de que o remédio era pior que a doença, o resultado não era melhor que o motivo com o qual se revoltaram. Mas está sempre ligado à ideia do progresso, de melhorar o mundo.

RH – E qual seria o “remédio” de hoje?

TT – Em nossos dias, essa crença do progresso está muito ligada à Tecnologia. Ora, é um produto novo, um computador, um telefone, mais tarde também a Biologia, pois queremos filhos lindos, inteligentes, geniais se possível. É a obrigação de procurar o melhor, mesmo se na Filosofia e na teoria política não compartilhamos mais do mesmo otimismo dos iluministas, que acreditavam que o futuro sempre seria algo melhor que o presente. A ciência traz melhorias para a nossa vida. Entretanto, há o risco também. O átomo, por exemplo, pode significar a energia que acende a luz das casas, mas também riscos inimagináveis e grandes catástrofes como Chernobil [Acidente na Usina Nuclear Vladimir Lenin, localizada na cidade de Chernobyl, na Ucrânica, parte da União Soviética, em 1986. A explosão de um dos reatores provocou uma das maiores tragédias da história da energia nuclear, contaminando grandes áreas de toda a Europa Central].

A clonagem talvez seja necessária para produzir órgãos humanos para aqueles que sofrem de certa doença, mas também podemos imaginar a produção de uma subespécie humana, robôs ou até zumbis. Tudo isso é incerto. O sociólogo alemão Ulrich Beck desenvolveu a ideia de que, durante o século XIX, a ciência era uma fonte de esperança. Depois da segunda metade do século XX, se tornou fonte de desespero, quer dizer, de risco e inquietude. Ficou muito difícil ser otimista.

RH – O Humanismo está em crise?

TT – Não tenho certeza. O Humanismo é uma concepção ideal e moral que não sei ao certo se está em crise. Ao menos, não sozinha. Tenho a impressão de que nós achamos que o Humanismo não é muito forte, que é frágil. Ele certamente recebe muitas agressões. Mas talvez não esteja em crise se nós não encontrarmos nada para colocar no seu lugar. Talvez por não sabermos, hoje em dia, o que ainda não está em crise. 
 

segunda-feira, 4 de novembro de 2013

Prêmios Literários da Biblioteca Nacional


Estão abertas as inscrições para o Prêmio Literário Fundação Biblioteca Nacional 2013.

Até o dia 5 de novembro, escritores, tradutores e designers gráficos podem concorrer com obras de acordo com a sua categoria, divididas em nove opções: Poesia, Romance, Conto, Ensaio Literário, Ensaio Social, Tradução, Projeto Gráfico e Literatura Infantil e Literatura Juvenil.

Para concorrer, o livro deve ser inédito (1ª edição), publicado em português e no Brasil entre 1º de setembro de 2012 e 31 de agosto de 2013. É obrigatório estar em dia com a Lei do Depósito Legal (Lei nº 10.994, de 14 de dezembro de 2004) e possuir número de ISBN (International Standard Book Number). A inscrição é gratuita.

Para realizar as inscrições, os interessados devem preencher o formulário de inscrição que está disponível no portal da BN; encaminhar 4 (quatro) cópias da obra para avaliação da Comissão Julgadora, acompanhados do formulário de inscrição para o endereço: Prêmio Literário 2013 - Fundação Biblioteca Nacional - Rua da Imprensa, 16 – 15º andar – Centro. CEP: 20030-120 – Rio de Janeiro – RJ.

Serão aceitas inscrições postadas até o dia 4 de novembro de 2013, valendo como comprovante de envio a data de postagem que consta no carimbo da agência expedidora.

O prêmio, realizado desde 1997 pela Fundação Biblioteca Nacional, é uma forma de reconhecer e apoiar não apenas os melhores livros brasileiros, mas sim aqueles que motivam e engrandecem a literatura nacional. Além das placas comemorativas, cada categoria premia a obra vencedora em RS 12.500,00 (doze mil e quinhentos reais).

Em caso de dúvidas, as mesmas deverão ser encaminhadas ao endereço de e-mail: premioliterario2013@bn.br, ou através do telefone (21) 3257-0756.

Descrição das Categorias

Romance: Narrativa ficcional longa.
Conto: Narrativa ficcional curta.
Poesia: Expressão textual lírica que utiliza efeitos linguísticos sonoros, rítmicos e harmônicos, escritos em prosa ou verso. Atividade criativa da linguagem, com base em recursos sintáticos, vocabulares e gramaticais.
Ensaio literário: Textos que apresentam ideias e reflexões a respeito de teoria, interpretação e crítica literária.
Ensaio social: Textos que apresentam ideias e reflexões a respeito de um tema, como História, Filosofia, Ciências Sociais, Política, Sociologia, Antropologia e obras de divulgação científica.
Tradução: Obras literárias (romance, conto, poesia, crônicas) traduzidas de outros idiomas para o português do Brasil.
Projeto gráfico: Conjunto da criação e disposição de elementos gráficos e textuais no livro – capa, tipologia, arte, fotos, imagens, cores, formas, texto, diagramação, papel e impressão.
Literatura Infantil: Obras de conteúdo ficcional, podendo ou não conter elementos de não-ficção, que abordam temas e assuntos destinados ao público infantil.

Literatura Juvenil: Obras de conteúdo ficcional, podendo ou não conter elementos de não-ficção, que abordam temas e assuntos destinados ao público juvenil.


Fonte: Fundação Biblioteca Nacional.

A tríade da literatura brasileira: Grande sertão: veredas, Machado de Assis e Dalton Trevisan.

Ao longo de três semanas, com o objetivo de fazer um levantamento sobre o que de melhor a literatura brasileira produziu e tem produzido ao longo da história, nos campos da poesia e da ficção, o Estado de Minas entrou em contato com 50 intelectuais de vários estados e instituições ligadas à literatura, como universidades, revistas especializadas, cadernos de cultura de grandes jornais, centros de pesquisa e projetos literários e de incentivo à leitura. A eles foi pedido que indicassem, de acordo com suas preferências: a) os cinco melhores escritores vivos da literatura brasileira; b) os cinco melhores escritores da literatura brasileira de todos os tempos; c) os cinco melhores livros da literatura brasileira, ficção e poesia, de todos os tempos. 

Como critério, optou-se por evitar o convite a escritores, candidatos naturais, para participar da pesquisa. Em alguns casos, como no campo das letras muitas vezes os ofícios se sobrepõem, alguns ensaístas, professores e jornalistas que participaram da escolha são também autores de obras de ficção e poesia, mas sempre com nítida primazia da atividade crítica ou de pesquisa sobre a da literatura de invenção. 

• Enquete: quem é o maior escritor brasileiro de todos os tempos?

O resultado, como todas as listas da mesma natureza, por um lado consagra o cânone, por outro revela interessantes surpresas, que mostram a dinâmica que perpassa o setor cultural. Mesmo as mais consagradas escolhas carregam a marca do seu tempo. Além disso, o resultado, como se vai conferir nesta edição, acaba por constituir um repertório variado, que vale por um projeto de leitura para quem busca conhecer a literatura brasileira. 

• Qual é o melhor livro da literatura nacional? Dê a sua opinião! 

Ao analisar os resultados da enquete, Letícia Malard, professora emérita de literatura da UFMG, aponta para três tendências. A primeira seria a de dar prioridade à prosa, uma vez que, dentre os cinco melhores escritores vivos, consta um poeta apenas, o maranhense Ferreira Gullar. A segunda tendência apontada pela especialista foi a de os jurados prestigiarem, nos primeiros cinco lugares, autores vivos muito idosos: o mais novo, o amazonense Milton Hatoum, tem 60 anos, os outros estão com mais de 80. E a terceira observação apontada por ela diz respeito ao fato de parte dos jurados não incluírem escritores vivos nem livros deles entre os melhores de todos os tempos, apesar da grande vitalidade e de nomes de primeira categoria na literatura brasileira atual. 

• Ajude a escolher o maior escritor vivo do Brasil: vote! 

Para o professor de literatura, romancista e crítico literário Silviano Santiago, que não participou da pesquisa mas teve seu nome citado entre os melhores da literatura brasileira contemporânea, não há como questionar esse tipo de lista, como não se questiona, no regime democrático, a vitória de político por sufrágio universal. “Poderia dizer, no entanto, que talvez tenha faltado paixão amorosa para colocar entre os melhores da literatura brasileira de todos os tempos nomes com o Mário e Oswald de Andrade, ao lado de José de Alencar. Talvez tivesse sido melhor substituir um segundo Graciliano, de Vidas secas, pelo comovente poema dramático 'Morte e vida severina', de João Cabral de Melo Neto”, diz. 

Ainda de acordo com Santiago, talvez, se lembrado “o fervor à sustança clássica no pós-modernismo”, Autran Dourado tivesse sido eleito, e é provável que também tenha faltado “a grita da arraia-miúda nacional” para conduzir Lima Barreto ou Cruz e Sousa ao pódio. “Talvez tenha pesado preconceito de gênero, para não se levar em conta um João do Rio ou Hilda Hilst, entre outros. A unaminidade pensa a literatura de modo inconsciente, simpático e feliz”, avalia.

Bruxo e vampiro
Os escolhidos pela maioria de votos nas três categorias – melhor escritor brasileiro, melhor livro de todos os tempos e melhor escritor brasileiro vivo – consagram respectivamente Machado de Assis; 'Grande sertão: veredas', de Guimarães Rosa; e Dalton Trevisan. É um conjunto aparentemente heterogêneo, que vai de um escritor elegantemente clássico a um autor que se caracteriza pela secura extrema, passando pela obra mítica e barroca do escritor mineiro. De um século ao outro, não é exagero dizer que a centralidade da linguagem em Machado prenuncia o modernismo de Rosa.

Há um fio que foi puxado pelo próprio Dalton ao receber, no ano passado, o Prêmio Machado de Assis da Academia Brasileira de Letras. O Vampiro de Curitiba escreveu em carta à direção da casa, referindo-se a Machado de Assis: “Ele nos incitou, o grande bruxo, no prazer secreto da leitura”. Rosa, de certa forma, foi um testemunho silencioso nessa conversa entre o vampiro e o bruxo. Conhecedor das manhas do diabo, ele sabia que o sentido não estava no passado nem se esgotaria no futuro. Na literatura, como na vida, o que há é travessia.

Melhores livros da literatura brasileira
l 'Grande sertão: veredas'
Guimarães Rosa, 1956
l 'Memórias póstumas de Brás Cubas'
Machado de Assis, 1880
l 'Dom Casmurro'
Machado de Assis, 1899
l 'Vidas secas'
Graciliano Ramos, 1938
l 'São Bernardo'
Graciliano Ramos, 1934

Melhores escritores brasileiros de todos os tempos

l Machado de Assis (1839-1908)
l Guimarães Rosa (1908-1967)
l Carlos Drummond de Andrade (1902-1987)
l Graciliano Ramos (1892-1953)
l Clarice Lispector (1920-1977)

Melhores escritores brasileiros vivos

l Dalton Trevisan (1925)
l Ferreira Gullar (1930)
l Lygia Fagundes Telles (1923)
l Milton Hatoum (1952)
l Rubem Fonseca (1925)

Fonte: Enquete

Dica de leitura: Guimarães Rosa y su Declaración de Bogotá

“Páramo” es un relato de João Guimarães Rosa, cuyo escenario es la Bogotá de los años 40, que narra la experiencia de soroche y melancolía de un diplomático brasileño. El autor vivió entre los años 1942 y 1944 en la ciudad, regresó como representante de su país a la IX Conferencia Panamericana y presenció la revuelta de los días de abril de 1948. El presente artículo busca vestigios de ese contacto, postula una lectura del texto como remontaje de la historia y estudia algunos problemas relacionados con los protocolos de lectura generalmente asociados a la escritura rosiana. [Tradução do prof. Sílvio Holanda: “Páramo” é um relato de João Guimarães Rosa, cujo cenário é a Bogotá dos anos 1940, que narra a experiência de “soroche” [doença de altitude] e melancolia de um diplomata brasileiro. O autor viveu entre os anos de 1942 e 1944 na cidade, retornou como representante de seu país para a IX Conferência Pan-Americana e presenciou a revolta do dia de abril de 1948. O presente artigo busca vestígios desse contato, postula uma leitura do texto como remontagem da história e estuda alguns problemas relacionados com osprotocolos de leitura geralmente associados à escritura rosiana.]