terça-feira, 7 de maio de 2013

Mostra Terruá Pará divulga lista de artistas selecionados


72 inscritos foram escolhidos na primeira etapa da seleção.
Rock, rap e pop integram a mostra da nova edição do festival de música.

Punk, heavy metal, rap: tudo isso é música paraense. “Tudo tem aqui e temos que estar abertos, sem preconceito nenhum”, analisa Leo Bitar, membro da comissão que escolheu os 72 artistas da primeira seletiva da nova edição do Terruá Pará. Após três dias de audição dos 364 inscritos, a lista foi divulgada nesta segunda-feira (6).
Numa nova fase, o festival, que se propõe a ser uma vitrine nacional da música produzida no Pará, vive o desafio de abrir portas para a pluralidade de ritmos que pulsa num estado eclético e miscigenado, que transita entre o ribeirinho e a urbanidade. 
“A proposta não era pegar algo ‘tipicamente regional’. O que foi levado em consideração foi ouvir o que é bem feito, o que tem qualidade. Não tem problema se é punk, brega ou fado, tem que ser bem feito”, diz Marcelo Damaso, que compôs o corpo de jurados da seletiva ao lado de Leo Bitar, Ná Figueredo, Pena Schmidt (SP) e Flu (RS). “Foram dias ininterruptos de trabalho. A gente não saia nem para comer. Mas foi maravilhoso ver quanta coisa boa temos na música do Pará”, comemora Bitar. 
Entre as novidades, o rap de Bruno BO e Cronistas da Rua; o pop rock de Elder Effe; a música eletrônica do DJ Jaloo; e o som furioso do Madame Saatan e Deliquentes, duas das principais bandas de rock paraense em atividade. Pará do tecnobrega, Pará do punk rock. “Não imaginava minha banda tocando no Terruá”, declara Jayme Katarro, vocalista do Delinquentes, grupo com mais de 25 anos de carreira. 

“Estamos num momento excelente. Talvez um dos melhores de toda a nossa história (palavra de quem já viveu várias gerações), e sempre digo que faltava esse empurrão para o rock, para podermos dar um salto maior do que nossas forças permitem”, comemora Katarro, que não se intimida com a diversidade de gêneros musicais reunidos no palco. 
“Tocar com bandas de outros estilos não nos preocupa. Já tocamos, por exemplo, com a Gang do Eletro no ‘Grito Rock’ do ano passado e foi surreal”, declara. 
Jovens cantoras, como Ana Clara Matos, Camila Honda, Natália Matos e Aíla integram a mostra. O reggae de Juca Culatra, o pop eletrônico do projeto Charmoso e o samba de Arthur Espíndola também revelam a nova safra de talentos no projeto. Nomes como Felipe Cordeiro, Gang do Eletro, Mestre Laurentino, Pio Lobato e Mestre Vieira, já consagrados em edições anteriores do Terruá, voltam ao elenco.


Os 72 artistas agora entram na segunda fase da seletiva, de onde serão escolhidos 12 nomes que, junto com os artistas convidados, comporão a terceira edição do show Terruá Pará de Música, com estreia prevista para outubro, em Belém, e apresentações marcadas para São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ) e Recife (PE).
A partir de terça-feira (14), esses artistas vão se apresentar no palco do Teatro Margarida Schivasappa, do Centur. Serão doze shows, cada um com seis artistas selecionados, sempre às terças-feiras, até o dia 30 de julho deste ano, com entrada franca. A lista dos shows será divulgada nos próximos dias.
Cada um dos artistas selecionados receberá uma ajuda de custo de R$ 3 mil, para gastos com a banda, transporte de equipamento, transporte dos músicos e outras despesas que venham a ser necessárias para apresentação no evento. Todos os shows serão gravados em áudio e vídeo.
O resultado será submetido a uma segunda comissão de jurados, o radialista Beto Fares; o músico e compositor Márcio Macedo; e Gustavo Rodrigues, DJ e um dos fundadores do festival Se Rasgum. Eles terão a missão de selecionar os doze artistas que irão integrar o elenco na nova edição do festival.
Além dos 72 artistas selecionados, foram elencados mais 20 suplentes, que poderão ser chamados para a mostra caso haja desistência ou impossibilidade de algum dos contemplados na lista principal.

Fonte: G1 Pará

Dica de leitura - A infância míope de Miguilim em Campo Geral

Imagem retirada do site:http://blogdovestiba.pucpr.br/2010/11/05/promocao-%E2%80%93-peca-miguilim/. Imagem editada.

Ao abordar a temática infantil em seus livros, Guimarães Rosa parece conseguir emocionar e cativar o leitor sem se tornar piegas e sem nem mesmo beirar o clichê. Talvez seja porque seus personagens infantis têm sempre um lado fantástico e até mesmo espiritual, que acaba elevando-os a um nível quase sagrado. Como é o caso do personagem Miguilim, de Campo Geral, que tem a travessia de sua infância analisada neste ensaio através da própria visão do personagem — que, muitas vezes, recorre à visão de seu irmão Ditinho — e baseada em teorias como a da visão-com, de Jean Pouillon, e nos conceitos de infância de Jeanne-Marie Gagnebin e Walter Benjamin. Por ser uma criança míope, Miguilim não conseguia ver — e, por isso, não conseguia também compreender — o mundo como era visto pelos adultos, identificando-se mais com o mundo mítico e fantástico do que com o mundo real e prático dos adultos. Para compreender as coisas que seu olhar não dava, Miguilim recorre à imaginação e à potencia das coisas, sempre com uma percepção sensível e até poética do sertão. E sempre, também, nos mostrando a importância e o poder que as palavras têm. É pelo olhar de Miguilim, então, que percebemos a sutileza que é deixar de ser criança, e é, ainda, com os olhos de Miguilim, mesmo míopes, que conseguimos enxergar beleza onde muitos adultos não conseguem ver.

MEDEIROS, Manuela Quadra de. A infância míope de Miguilim em Campo Geral. Mafuá [Online], Santa Catarina, v. 11, n. 19, 2013.

Texto na íntegra disponível em Revista Mafuá.