quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

O NU E A ESCADA: 100 ANOS

Marcel Duchamp era um espírito zombeteiro – gostava de colocar bigodes em mulheres, rodas de bicicleta em bancos de cozinha e latrinas em salas de museu. Duchamp fazia esse tipo de coisa porque sabia que o humor e a ironia movimentam os sentidos estabelecidos, desviam as ideias feitas e botam o tempo fora de seus eixos.

Falando em tempo, é o momento de lembrar o centenário do Nu descendo uma escada – esse quadro aparentemente tão “simples”, aparentemente tão “cubista”, que Duchamp pintou, sempre com seu espírito de folgança, em 1912.


Duchamp cometeu duas versões do quadro: na primeira, a escada é espiralada; na segunda e definitiva versão, a escada é reta, e conseguimos acompanhar todos os movimentos desse corpo nu (uma montagem sequencial que lembra as fotografias de Muybridge – de quem Francis Bacon, em suas conversas com David Sylvester, também se declarou admirador).

Diante de um corpo nu que desce uma escada eternamente, poderíamos fazer a pergunta que tantos fizeram quando o quadro foi exposto: por que um nu deve descer uma escada?

Esse tipo de pergunta evoca o absurdo de perguntas semelhantes como: por que a galinha atravessou a rua? Ou: por que as baratas morrem de barriga pra cima? O nu, gênero clássico na história da arte, prova de fogo para muitos artistas ao longo de séculos, é transformado por Duchamp em uma charada.

Calvin Tomkins, biógrafo de Duchamp, escreve que a figura do quadro era “uma carapaça vazia, uma espécie de robô encapuzado”, e que a “carga erótica, como o sentido de movimento, não estava localizada na retina, mas na mente do observador”. Tomkins também escreve que o quadro foi recusado no Salão dos Independentes daquele mesmo ano – recordando o fato cinquenta anos depois, Duchamp teria dito que, depois disso, sua afeição por “grupos” e “escolas” caiu para níveis ainda mais baixos.

Segundo Harold Rosenberg, em um dos textos de Objeto ansioso, foi a partir do Nu… que a pintura começou a morrer – não apenas para Duchamp, mas também para os artistas que começavam a prestar atenção àquilo que fazia Duchamp. E Hans Belting, em O fim da história da arte, afirma que o humor, a ironia e o erotismo eram as armas de Duchamp contra a “ficção da sociedade burguesa”.

O Nu descendo a escada era apenas o início desse projeto – Duchamp, ainda em 1912, ampliaria muito mais seu arsenal (seu armory show…) ao começar os preparativos para o Grande Vidro ou A Noiva despida por seus Celibatários, mesmo e, é claro, ao preparar o terreno para a emergência dos readymades. Além disso, 1912 foi o ano em que Duchamp descobriu os textos e a imaginação delirante de Raymond Roussel – manancial infinito dos pândegos mais delirantes.

O Nu descendo a escada, portanto, é apenas uma das primeiras ondulações dessa onda que atravessa toda arte do século XX. Como espírito galhofeiro que era, Duchamp segue sendo – está por aí, no ar, em constante movimento como seu Nu…, enigmático como um desejo sem resolução, sem fundo, que não se cansa de retornar.

* Kelvin Falcão Klein é crítico, autor de Conversas apócrifas com Enrique Vila-Matas (Ed. Modelo de Nuvem, 2011). Escreve em falcaoklein.blogspot.com.br


O Otto criado por Nelson Rodrigues – por Cecília Himmelseher


Em 2012, os amigos Nelson Rodrigues e Otto Lara Resende teriam motivos para dar uma festa memorável. O dramaturgo pernambucano completaria um século de vida e o escritor mineiro estaria com 90 anos. Os dois escritores-jornalistas ou jornalistas-escritores, que se conheceram na redação do jornal carioca O Globo, desenvolveram um forte laço de amizade. Nem mesmo os desentendimentos, gerados pela mania do dramaturgo de usar os nomes dos amigos como personagens de suas peças, suas crônicas e seus romances, não diminuíram o sentimento fraterno entre eles. Essa fixação de Nelson fez de Otto tanto protagonista quanto coadjuvante de diversas obras suas. Modo de homenagear que uma vez ou outra incomodava o jornalista mineiro.

Em 1961, Otto foi personagem de uma história da famosa coluna “A vida como ela é”, do jornal Última Hora, em que Nelson escreveu por mais de uma década sobre fidelidade, ciúme, conflito entre amor e sexo, entre outros temas que lhe eram caros.


Coluna “A vida como ela é”, jornal Última Hora

Na crônica “A barca dos homens”, o dramaturgo contou a história de um sujeito que amava duas mulheres ao mesmo tempo e precisava se decidir por uma delas, por exigência do pai das moças. Necessitava com urgência do conselho de Otto e saiu perguntando a todos se o tinham visto.

Como não conseguira localizar o seu sábio amigo, o sujeito já imaginava que iria escolher a noiva pelo processo do par ou ímpar, quando finalmente encontrou Claudio Mello e Souza (outro grande jornalista que Nelson transformou em personagem). Souza lhe disse que acabara de passar pela casa de Otto e que o mineiro estava lá rasgando uma “papelada imensa”, fazendo “picadinho dos próprios originais”.

A razão dessa depressão de Otto teria sido a leitura de A barca dos homens, livro de Autran Dourado. De acordo com Souza, ele achou “o negócio tão bonito que resolveu renunciar à literatura”. Ainda bem que esse momento de fúria do escritor, relatado nessa crônica de Nelson, não passou de uma ficção e hoje todos os interessados pela vida e pela obra de Otto Lara Resende podem ter acesso ao seu arquivo com mais de 20 mil documentos, disponível para pesquisa no Instituto Moreira Salles.

A predileção do dramaturgo pelo nome do amigo apareceu não só nos personagens como também em títulos de suas obras. Na crônica “A viagem fantástica de Otto”, publicada no livro O reacionário, Nelson narra um encontro com o companheiro mineiro que regressara de uma viagem à Europa entediado com o padrão de corpos, costumes e paisagens dos países desenvolvidos.  O tom humorístico do texto fez de Otto um personagem caricato.

Em entrevista exibida pela TV Globo, em 1977, Otto cita o mesmo livro e pergunta a Nelson o porquê dessa obsessão com alguns companheiros. O autor afirma: “Sou amigo. Como amigo do Otto, quero tratá-lo sempre de uma maneira pessoal, com a ternura que ele merece. Mas amigos de Otto o perseguem e dizem que eu o levo ao ridículo”.

Apesar de saber da intenção de Nelson em homenageá-lo, o jornalista mineiro encarava essa atitude como gozação. E a maior das gozações seria uma peça com o seu nome: “Otto Lara Resende ou Bonitinha, mas ordinária”, de 1962. História, aliás, que o desagradou muito. Na trama, os atores citam 47 vezes o seu nome e repetem uma frase que Otto negou ter dito: “O mineiro só é solidário no câncer”. Não por acaso, o dramaturgo inseriu na boca de seus personagens uma citação atribuída a Otto. O autor de “Vestido de Noiva” admirava muito o talento do seu amigo para criar frases de impacto e certa vez afirmou: “A grande obra de Otto Lara Resende é a conversa. Deviam pôr um taquígrafo atrás dele e vender as suas anotações em uma loja de frases”.

Descontente com a brincadeira, o homenageado decidiu não assistir ao espetáculo. A sua indignação com a peça foi exposta na matéria “Entre ficar indiferente e matar Nelson Rodrigues preferi o 1º”, publicada no Diário de Minas, em 16 de dezembro de 1962. Ao jornal, o escritor contou que a leitura do texto lhe causou duas reações: indiferença e homicídio.

Com esse sentimento de vingança discreta, comentou: “Mas como o homicídio é punido pelo código penal, optei pela indiferença”. E complementou: “Apesar da minha repulsa em saber meu nome citado a quase todo o instante pelos personagens, o Nelson ainda se dá ao luxo de confidenciar que, na intimidade, eu estou muito lisonjeado”.
Com o tempo, esses aborrecimentos ficaram assim esquecidos e os dois continuaram amigos até o fim.

* Cecília Himmelseher é assistente cultural da Coordenadoria de Literatura do IMS.


Fonte: BLOG DO IMS

''Sombra Igapó'' revela instrumental de Waldiney Machado

Waldiney Machado, músico percussionista, apresenta o espetáculo “Sombra Igapó - Suíte para música orgânica”, na próxima sexta, dia 21 de dezembro no Instituto de Artes do Pará.  O trabalho é resultado da pesquisa realizada pelo Projeto de Criação/Experimentação do IAP, oferecido na Diretoria de Bolsas de Criação, Pesquisa, Experimentação e Divulgação Cultural do instituto.

No show, Waldiney apresetna três movimentos do trabalho intitulado “Sombra Igapó” que possibilita a aproximação das técnicas musicais eruditas à música percussiva contemporânea. Pois, segundo o artista, “elas cada vez mais se complementam”. Para demostrar isso, o músico utiliza instrumentos de percussão que buscam novas concepções por meio de um maior envolvimento do homem com a natureza, despertando-o para sensações e sentimentos de aproximação e harmonia com ela.

A Suíte é uma obra composta por movimentos desenvolvidos a partir de um tema, com músicas instrumentais dispostas em elementos de unidade para serem tocados sem interrupções. A matéria prima da pesquisa é a busca de novos significados dos saberes do homem sobre algumas espécies de árvores da floresta amazônica como ojatobá, a sapucaia e a sororoca.

Serviço:
“Sombra Igapó” – com Waldiney Machado

Data: 21 de dezembro – sexta
Hora: 19h00

Local: Sala de dança do Instituto de Artes do Pará
End.: Praça Justo Chermont, 236 (p’roximo ao CAN)

Contatos: (91) 8869.4481
Entrada franca


Fonte: GUIART

Cuíra apresenta ''Barata, pega na chinela e mata'', de quinta a sabado


Joaquim de Magalhães Barata foi o maior líder político do Pará, com grande atuação na primeira metade do século 20. O texto e as músicas são de Edyr Augusto Proença, que usou em sua pesquisa, entre alguns livros, as obras de Carlos Rocque “O Homem, a Lenda, o Político” e “Rio de Raivas” de Haroldo Maranhão. Edyr também assina a direção da peça, juntamente com Leonel Ferreira.

O elenco é bastante heterogêneo, formado por atores da cidade e pessoas que saíram das oficinas de teatro do Cuíra, mais profissionais do entorno. O projeto “Cuíra por Memórias” realizou cinco oficinas, onde envolveu moradores do entorno do Grupo Cuira, que se localiza no centro de Belém, dentro da antiga zona de meretrício da cidade, buscando profissionalização, inclusão social, formação de talentos e de platéia, levando cultura e arte a diversos segmentos da sociedade, inclusive aos excluídos por preconceito.

“Barata, pega na chinela e mata” faz um recorte dos últimos dez anos de vida de Magalhães Barata, desde as eleições de 1950, quando competiu e perdeu para Zacarias de Assumpção, sua vitória na eleição seguinte, contra Epílogo de Campos e seu falecimento. Situação e oposição, cabarés, o banho de fezes em um jornalista e amores, em uma Belém de sonhos, fim dos anos 50, antes da televisão, da Belém Brasília e da Revolução.

Serviço:
Espetáculo “Barata, pega na chinela e mata”

Data: 20 a 22 de dezembro (quinta à sábado)
Horários: 21h (quinta à sexta)
              20h (sábado)
Local: Teatro Cuíra - Rua Riachuelo, esquina com 1°Março
Contatos: (91) 9119-9367 / 3246-4830

Ingresso: R$ 20,00 (c/ meia p/ estudantes)


Fonte: GUIART

quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

China e A Banda Mais Bonita da Cidade lançam clipe de parceria

Depois de Uyara Torrente ter participado do último clipe de China (veja aqui), a parceria entre A Banda Mais Bonita da Cidade e o pernambucano, efetivamente, saiu do papel. Intitulado “Canções Que Vão Morrer no Ar“, o vinil compacto de 7″ traz, entre outras, esta “Terminei indo“. Feita por China, mais Jr. Black e Yuri Queiroga, o clipe da mesma traz imagens da banda na Europa e traz um arranjo bacana com violoncelo, mellotron, ukelele, escaleta (mais hipster, impossível), com China e Uyara dividindo os vocais.


Fonte: CARACTAGS

Kamara Kó apresenta mostra ''Coletiva de Dezembro''


O calendário de mostras da Kamara Kó de 2012 encerra em meio a uma feira de arte, pensada para celebrar o encontro da produção dos artistas que compõe o elenco da galeria e aproximar as obras do público. Nos próximos dias 1º e 2 de dezembro, sábado e domingo, as portas se abrem para a “Coletiva de Dezembro”, um convite para quem deseja conhecer a atual produção do áudiovisual paraense em sua multiplicidade – e adquiri-las a um preço acessível.

Estarão à venda obras avulsas de fotógrafos como Miguel Chikaoka, que em 2012 experimentou um ano de reconhecimento nacional com o Prêmio Brasil de Fotografia, onde foi o artista homenageado, além de receber a Ordem do Mérito Cultural, o maior prêmio na área cultural concedido pelo governo federal.

Flávya Mutran expõe fotografias das séries “There’s No Place Like 127.0.0.1” (2009/2010) e “Egoshot” (2010), frutos das experiências da artista com o mundo virtual, onde a matéria-prima para as obras foram imagens privadas de usuários publicadas nas redes sociais e também vídeos de Youtube .

Ionaldo Rodrigues integra a coletiva com obras das séries “Carbono 14” e “polígono, nuvem”, ambas de 2012, e as fotografias “Barco” e “Gelo”, de 2007.

A artista visual Danielle Fonseca compõe a exposição com as obras “Caixas-de-Correspondências”, da série “Rumo ao Farol”  (2007/2011), e “Pequeno Homero no Rancho Não Posso Me Amofiná”, da série “Mar Absoluto/Retrato Natural” (2010).

De Alexandre Sequeira, a mostra exibe imagens de série produzida em 2008, no interior do Pará.  De Pedro Cunha, “Urbana Íris”. Edney Martins expõe “landscape 1”.

A Coletiva de Dezembro traz ainda obras de Octávio Cardoso, Guy Veloso, Keyla Sobral, Cláudia Leão, Anita Lima, Roberta Carvalho e Roberto Menezes.

Essa exposição conta com os benefícios da Lei Municipal de Incentivo à Cultura e ao Esporte Amador Tó Teixeira e Guilherme Paraense, com o patrocínio da BLB Eletrônica.

Serviço:
“Coletiva de Dezembro” - Kamara Kó Galeria

Abertura:  1º e 2 de dezembro – sábado e domingo
Hora: 10h às 17h
Visitação: 4 a 22 de dezembro
Hora: 15h às 19h, (terça a sexta), e 10h às 13h (sábados)
Local: Kamara Kó Galeria
End.: Trav. Frutuoso Guimarães , 611 - Campina
Informações e agendamentos: 91.32614809 | 91.32614240 
kamarakogaleria@gmail.com
www.kamarakogaleria.com
Entrada franca


Fonte: GUIART

Filmes de Ficção Científica na tela do Cinema Olympia


Na reta final das comemorações de seu centenário, o Cinema Olympia, apresenta a Mostra de Filmes de Ficção Científica, de 18 à 30 de dezembro (com exceção dos dias 24 e 25). São doze filmes selecionados por Marco Antonio Moreira, que reúne desde o pioneiro “Viagem à Lua“, produzido em 1902, passando pelo enigmático “Lunar” e os super clássicos “Jornadas nas Estrelas” e "2001:Uma Odisséia no Espaço" .

Os filmes da mostra têm sessões de terça à domingo, sempre 18h30, com entrada franca. Na sessão de abertura, além da exibição de “Viagem à Lua”, o público poderá conferir ainda um documentário sobre o trabalho do diretor do filme, George Méliès. Confira  abixo a programação completa.

Serviço:
Mostra de Filmes de Ficção Científica 

Data: 18 a 30 de dezembro
Hora: 18h30
Local: Cinema Olympia
End.: Av. Presidente Vargas, 918
Contatos: (91) 3223-0413
Entrada franca

Dia 18 – Terça
"VIAGEM À LUA"(George Méliès-1902)
Documentário sobre o diretor George Mèliés e
"A MULHER NA LUA" (Fritz Lang-1929)

Dia 19 - Quarta
"DAQUI A CEM ANOS" (William Cameron Menzie-1936)

Dia 20 - Quinta
"DESTINO À LUA" (George Pal/Irving Pichel-1949)

Dia 21 - Sexta
"O FIM DO MUNDO" (George Pal/Byron Haskin-1951)

Dia 22 – Sábado
"VAMPIROS DE ALMAS" (Don Siegel-1957)

Dia 23 – Domingo
 "A MAQUINA DO TEMPO" (George Pal-1959)

Dia 26 – Quarta
"NO MUNDO DE 2020" (Richard Fleisher-1973)

Dia 27 – Quinta
"CONTATOS IMEDIATOS DO 3° GRAU" (Steven Spielberg-1977)

Dia 28 – Sexta
"JORNADA NAS ESTRELAS"(Robert Wise-1979)

Dia 29 – Sábado
"LUNAR" (Duncan Jones-2009)
"INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL" (Steven Spielberg - roteiro de Stanley Kubrick- 2001) - Sessão Cinemateca Especial

Dia 30 – Domingo
"2001:UMA ODISSÉIA NO ESPAÇO" (Stanley Kubrick-1968)


Fonte: GUIART

Seminário “Conversações: olhares sobre a Amazônia



Realização: 21/12 às 19h, no Museu da UFPA.

Convidados: Danielle Fonseca, Ernani Chaves, Maria Christina, João de Jesus Paes Loureiro e Vicente Cecim.

Descrição: O Seminário Conversações – Olhares sobre a Amazônia acontece como parte integrante do Projeto Amazônia, Lugar da Experiência. Com experiências diversificadas, os participantes desta edição tem em comum um olhar para a região Amazônica ao longo de suas carreiras.


Fonte: PORTAL UFPA

Corpo, discurso e vampiro em debate no ILC


Na próxima sexta-feira, 21 de dezembro, será realizada a Conferência "Corpo, Discurso e Intericonicidade em filmes de Vampiro", proferida pelo professor doutor Nilton Milanez, da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). O evento será aberto ao público e terá início às 10h30, no auditório do Instituto de Letras e Comunicação da UFPA. O ILC está localizado no Setor Básico do Campus Universitário Professor José da Silveira Netto, na bairro Guamá, em Belém.

O professor Nilton Milanez é professor Titular em Análise do Discurso do Departamento de Estudos Linguísticos e Literários na UESB, professor do Programa de Mestrado e Doutorado em Memória, Linguagem e Sociedade e do Programa de Mestrado em Linguística na UESB. O pesquisador também é líder do Grupo de Estudos sobre o Discurso e o Corpo (Grudiocorpo/CNPq) e coordenador do Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo (Labedisco/UESB).

Possui Pós-Doutorado (PDE/CNPq) em Discurso, Corpo e Cinema na Sorbonne Nouvelle, Paris 3. Doutor em Lingüística e Língua Portuguesa pela UNESP/Araraquara, com doutorado-sanduíche na Sorbonne Nouvelle, Paris 3. Mestrado em Lingüística e Língua Portuguesa pela UNESP/Araraquara (2002). Especialização em Análise do Discurso pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1999). Graduação em Licenciatura Plena em Língua Portuguesa e suas Literaturas pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1988), Graduação em Língua Inglesa - Tradução - pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (1988).

Serviço:
Conferência "Corpo, Discurso e Intericonicidade em filmes de Vampiro",
com Prof. Dr. Nilton Milanez (UESB)
Local: auditório do Instituto de Letras e Comunicação (ILC-UFPA), localizado no Setor Básico do Campus Universitário Prof. José da Silveira Netto, Av. Augusto Corrêa, nº 01, bairro Guamá-Belém.
Data: 21 de dezembro
Horário: 10h30

Texto e foto: Divulgação / ILC


Fonte: PORTAL UFPA

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

IAP registra a memória das Artes do Pará


Memória IAP

O Instituto de Artes do Pará lança o "Projeto Memória". Serão registrados depoimentos de pessoas que atuaram diretamente nas artes do Pará nos anos 50 e 60. O primeiro registro será da professora e diretora de teatro Maria Sylvia Nunes que deu um longo depoimento, esta semana. Maria Sylvia relembrou a infância, a juventude, o namoro e o casamento com o professor Benedito Nunes, as reuniões literárias no Central Café e a Belém dos anos 1950. A professora criou a Escola de Teatro da UFPA e também é um nome importante na história da criação da TV no Pará.

O segundo registro será de Carlos Eugênio Marcondes de Moura, professorr da Escola de Teatro do Pará. O IAP realiza pesquisa para identificar as pessoas ilustres que farão parte do Projeto com seus depoimentos. Serão gravados um por mes durante o ano de 2013.

O projeto preve a diagramação para a posteridade com distribuição para as escolas públicas, historiadores. O IAP irá contar a história das Artes no Pará.

O projeto conta com o apoio da amzon Filmes, que faz as gravações.

Em 2013, o IAP lançará edital com a finalidade de contratar ghost writer para escrever as memórias de Maria Sylvia, cujos projetos e cronogramas deverão ser analisados e aprovados pela própria Maria Sylvia.


Fonte: IAP

Cultura Animação | IAP - Belém


Philip Roth e o direito de silenciar

A possibilidade do autor silenciar a sua voz narrativa é um direito à dignidade. Não à dignidade própria, mas ao respeito maior pela própria arte.


por Gustavo Melo Czekster (14/11/2012)
em Literatura

No livro Papa Hemingway, contando os últimos dias de Hemingway antes do suicídio, seu amigo e editor A. E. Hotchner transcreveu a impressão deixada pelo grande escritor americano no seu médico, Vernon: “Hotch, honest to God, if we don’t get him to the proper place, and fast, he is going to kill himself for sure. It’s only a question of time if he stays here, and every hour it grows more possible. He says he can’t write any more—that’s all he’s talked to me about for weeks and weeks. Says there’s nothing to live for. Hotch, he won’t ever write again. He can’t. He’s given up. That’s the motivation for doing away with himself.” Em uma tradução livre, esta foi a constatação do médico: “Hotch, sendo completamente honesto, se não o levarmos até um lugar apropriado, e rápido, ele com certeza vai se matar. É somente uma questão de tempo se ele continuar aqui, e a cada hora que passa fica mais possível. Ele diz que não pode mais escrever – é tudo o que ele tem me falado por semanas e semanas. Diz que não existe mais nenhum motivo para viver. Hotch, ele nunca mais vai escrever. Ele não consegue. Ele desistiu. Esta é a motivação para que acabe com a própria vida.” De todas as análises feitas para tentar explicar o suicídio de Hemingway, chama atenção que os motivos sejam clínicos, fáceis de entender, como se o suicídio fosse uma questão lógica: ele estava deprimido, sentia dores lancinantes em decorrência de um acidente em um safari, estava paranoico, bebeu demais. Ninguém fala na ausência das palavras antes abundantes, no abismo deixado na alma, no silêncio de se saber finito, na inexorabilidade do tempo.

Como um escritor acaba?

Philip Roth, escritor americano, autor de Nêmesis, Operação Shylock e O teatro de Sabbath, entre outros livros, recentemente anunciou que estava abandonando a escritura. Em entrevista à revista francesa Les Inrockuptibles, em outubro de 2012, ao ser perguntado se ainda mantinha o desejo de escrever, Roth surpreendeu ao anunciar que não tinha mais tal vontade, que não mais lançaria livros e que se dedicaria a trabalhar nos seus diários e arquivos. Diante da pergunta “Você não está exagerando um pouco?”, Roth respondeu: “Escrever é estar sempre errado. Todos os nossos rabiscos contam a história de nossos fracassos. Não tenho mais a energia da frustração, nem a força de me confrontar. Porque escrever é se frustrar: passamos todo nosso tempo escrevendo a palavra errada, a frase errada, a história errada. Nos enganamos sem parar, falhamos sem parar e, assim, precisamos viver em uma frustração perpétua. Passamos o tempo dizendo a nós mesmos: isso não está funcionando, preciso recomeçar. Agora estou numa fase diferente da minha vida: perdi toda forma de fanatismo. E não sinto nenhuma melancolia.”

Por maior que seja a racionalização feita por Philip Roth para explicar a desistência, uma das críticas mais feitas aos seus últimos romances era a repetição dos temas. Sem entrar em méritos literários ou críticos, nesta mesma entrevista, Roth anunciou que tal decisão foi tomada após o projeto pessoal de reler a sua obra e ser incapaz de ultrapassar O complexo de Portnoy. Cada livro lançado dissipa um pouco a voz interna do escritor, a sua frustração, o seu confronto; Philip Roth deve ter escutado a voz do passado repetindo-se dentro da obra atual. E pode ter chegado à inédita conclusão de que tudo que precisava dizer já foi dito, que as palavras não eram mais necessárias, que a fonte da inventividade secou. Que ele viraria um plagiador de si mesmo, algo inaceitável para qualquer artista.

É uma ilusão imaginar que tudo pode ser eterno. Até mesmo a criatividade acaba: a única diferença é que, às vezes, a criatividade termina ainda em vida e, em outras, a morte é piedosa com o autor, silenciando o corpo e sepultando a inconformidade interna que lhe animava. Muitos são os casos de escritores que lançaram somente uma obra e depois foram incapazes de escrever outra: em algumas ocasiões, a necessidade de contar a história é mero fio de água, fácil de ser obstruído. Hemingway não foi o primeiro escritor cuja voz narrativa interna silenciou, mas talvez tenha sido mais um a tomar a decisão extrema de confundir literatura e vida. Pensando na decisão de Roth, não posso deixar de lembrar outro trecho da biografia de Hemingway, onde Hotchner menciona a extraordinária dificuldade que o escritor passava para diminuir The dangerous summer de 92.453 palavras para 40.000. Cabe destacar que Hemingway é considerado um dos escritores com maior poder de síntese, sendo que as suas regras para bem escrever sempre se basearam justamente no corte de situações e palavras desnecessárias. Pela primeira vez, o editor viu a insegurança, a incerteza, a incapacidade de lidar com a matéria prima do fazer literário: a própria palavra. Hemingway tinha pesadelos com o livro e mencionou viver uma história digna de Kafka para resumir o seu trabalho. Nas palavras de Hotchner, o escritor estava “abatido física e emocionalmente” devido a este embate interno.

Quando a decisão de Philip Roth de aposentar a sua escritura foi anunciada, milhares de fãs protestaram por todo o mundo. Imaginaram-se traídos pelo seu autor favorito. Não há razão em tal inconformidade, pois é visível a confusão feita entre a eternidade da arte e a figura mortal e pálida do próprio criador. A possibilidade do autor silenciar a sua voz narrativa é um direito à dignidade. Não à dignidade própria, mas ao respeito maior pela própria arte, respeito tão grande que o leva a abdicar da própria literatura para não destruir o legado erigido em anos de cuidadoso labor. Philip Roth ganhou as maiores honrarias que um escritor pode conseguir em vida, com exceção do Prêmio Nobel de Literatura, que todos sabem que é um prêmio que leva em consideração mais a política do que o valor literário. Ele não precisa mais provar nada.

A vida é uma peça de teatro, já dizia Shakespeare. Existe grande dignidade em saber o momento em que se deve abandonar o palco. Além disso, é preciso ser humilde como nunca quando se percebe que a presença do autor mais atrapalha a obra do que ajuda. Existe uma interessante discrepância: o autor cria a obra, mas ela possui vivência própria, a qual pode ser atrapalhada pelo demiurgo que lhe gerou. Ter o direito de não estragar o próprio legado de glórias com a veleidade da ruína causada pelo tempo é o direito máximo de um ser humano. Shakespeare soube como ninguém abandonar a peça; sua saída foi tão silenciosa que todos sabem que um ator brilhante estava interpretando, mas ninguém o viu entrar e nem percebeu a sua retirada. Hemingway escolheu a saída mais violenta na sua lógica brutal: se literatura é vida, a ausência da literatura é a morte. De acordo com notícias veiculadas na imprensa e repercutidas pelo mundo, Gabriel García Marquez enfrenta sérios problemas de memória, um indicativo de que a sua degeneração mental teve início. Sua saída será lenta e acompanhada com angústia pelo público, que o confrontará com a sua obra passada, em uma comparação que ele só pode perder. Prefiro pensar que, quando García Marquez escreveu Viver para contar, não era um simples título, e sim uma evocação desafiadora para o tempo, uma última audácia: “estou vivo e ainda lembro”.

Muito podemos aprender com a dignidade de Philip Roth: podemos rever os próprios atos, ver o momento em que a escala descendente da vida começa a comprometer a imagem deixada no mundo. Quando ficavam velhos, os romanos abandonavam as intrigas da cidade e iam para o campo se dedicar aos afazeres mais simples e à filosofia. Quantos políticos podemos dizer que sabem o momento de abandonar a arena, quantos donos de empresa aferroam-se ao poder e lutam para mantê-lo? Sem a necessidade de Philip Roth ser Philip Roth, com o direito ao silêncio e à circunspecção assegurados, ele pode reencontrar o homem que um dia foi, sem máscaras ou facetas sociais que lhe foram impostas. Talvez o verdadeiro e mais excitante desafio que ele possa ter, aquele que imaginou não mais existir quando a literatura silenciou, esteja começando agora.

A incomodação com o anúncio de Philip Roth pode estar em outro nível. Em Mil e uma noites, Sheherazade nos ensinou que escrever é adiar o próprio fim. Quando um autor para de escrever, sente-se que ele admitiu a proximidade da morte. Não existem mais encantos ou truques para afastá-la. Ao anunciar o seu desejo de parar de escrever, Roth também admite que a sua voz acabou e que, agora, a morte pode levá-lo. É o mesmo que o fim da memória de García Marquez lhe representa: uma morte em vida. Contudo, a julgar pelos últimos livros lançados, percebe-se que o autor pode estar virando o personagem da própria história, admitindo a contragosto a velhice, a perda do poder sexual, o cansaço, a onipresença da morte a lhe rodear. Philip Roth admite que até os deuses do Olimpo literário podem sangrar e morrer, e esta é uma lição que todos deveriam saber desde o primeiro ar que entrou nos pulmões. Uma lição tão implacável que Hemingway preferiu morrer, algo que todos nós um dia precisaremos encarar: assim como a literatura, tudo acaba.


Fonte: AMÁLGAMA

A primeira opinião de Allen Ginsberg sobre “On the road”

Eis um trecho da carta que Allen Ginsberg escreveu a Jack Kerouac logo depois de ler os originais de On the road em 1952:


Ainda bem que ele estava errado! Esta e outras preciosidades estão no livro As cartas que acaba de chegar ao Brasil pela L&PM.


Fonte: BLOG DA L&PM

Revista Machado de Assis recebe inscrições de autores de obras para crianças e jovens


Até 20 de janeiro, estão abertas as inscrições para a terceira edição da Revista Machado de Assis – Literatura Brasileira em Tradução, que será dedicada exclusivamente à literatura para crianças e jovens. O objetivo é estimular a publicação internacional de autores brasileiros com obras nesse segmento. O lançamento ocorrerá em março, na Feira do Livro para Crianças de Bolonha, que homenageará o Brasil em 2014.

O conteúdo da revista da Fundação Biblioteca Nacional (FBN), trimestral na versão online, encontra-se disponível no endereço http://www.machadodeassismagazine.bn.br. O terceiro número será publicado no site. A revista tem duas edições impressas por ano, que se baseiam nas versões online, e a primeira foi lançada em outubro, na Feira do Livro de Frankfurt. Participam do projeto o Itaú Cultural, a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo e o Itamaraty.

São aceitas inscrições de traduções para o inglês ou o espanhol de trechos de obras já publicadas no Brasil. Os textos devem ter no máximo 15 mil caracteres (sem contar os espaços) e formato Word. Além disso, será necessário enviar uma amostra de pelo menos três páginas escaneadas do texto visual, quando houver.

Deve vir junto uma declaração de liberação de direito de autor do original traduzido e do tradutor para a revista de circulação internacional (em formato impresso, digital e no site da publicação). É obrigatório indicar o título da obra original em português, sua editora e o ano de lançamento. Os autores dos textos visuais que enviarem material para a terceira edição também deverão autorizar a publicação na revista em diferentes formatos. Para participar da seleção, as liberações precisam ser assinadas pelos responsáveis e postadas por email, escaneadas, à FBN.

Em caso de aprovação, será necessário enviar pelo correio os documentos originais de liberação de direito de autor e tradutor à FBN (o endereço será divulgado aos selecionados). Também será necessário preencher um formulário de informações sobre a obra no idioma utilizado para a tradução do trecho (inglês ou espanhol). O autor do texto visual selecionado deverá enviar o trabalho completo, em formato a ser divulgado na ocasião.

Serão selecionados 20 trechos por um Conselho Consultor especializado na literatura para crianças e jovens, indicado pelos membros do Conselho Editorial da revista, designado pela FBN. O projeto envolve parceiros que participam do projeto tendo como base o edital de coedições de publicações da FBN (15/5/2012 – D.O.U.). Suas atribuições são as seguintes: o Itamaraty é responsável pela distribuição internacional; a Imprensa Oficial do Estado de São Paulo cuida da impressão; e o Itaú Cultural, que sugeriu o projeto à FBN, realiza a edição e alimenta o site da publicação. A revista tem circulação internacional, voltada sobretudo para agentes literários e editores.

Nem a FBN, nem os demais envolvidos no projeto da revista terão algum tipo de ganho financeiro em caso de contratação da obra por editora estrangeira. Todas as traduções serão submetidas à revisão e poderão sofrer alterações de acordo com o critério dos editores. Não será exigida das traduções uma qualidade literária final. Em caso de contratação da obra por editora estrangeira, esta irá decidir o nome do tradutor definitivo, a ser escolhido sem o envolvimento da FBN ou demais participantes do projeto da revista.

Os textos e os documentos escaneados precisam ser dirigidos para o e-mail do Centro Internacional do Livro, o órgão da FBN responsável pelo projeto (cil@bn.br). Em caso de dúvidas, favor escrever para o mesmo email (cil@bn.br) ou telefonar para (5521)-2220-2057 ou (5521) 2220-1994.


Fonte: BLOG DA BN

Mutuca Bacana lança clipe novo e prepara disco de estreia


Os integrantes gostam de se revezar nos instrumentos, entre flauta, bandolim, violão, baixo, piano, synth, bateria, percussões… fazem da Mutuca Bacana uma banda pouco convencional, entre lisergias e incontáveis influências. Formada por Christian Dias, Huan Valpassos, Julia Cartier Bresson, Luiza Lou e Rodrigo Pires, a banda já lançou no ano passado o EP homônimo e já está saindo o disco de estreia no começo de 2013. Uma das melhores músicas do EP, “Jururu” e que certamente estará presente no álbum, acaba de ganhar um super bem produzido clipe. Estrelado por Daniel Furlan, com direção de Lucas Quintana e roteiro de um dos fundadores, Rodrigo Ribeiro (agora ex-membro), jogue tudo pro alto com a deliciosa voz de Luiza Lou.


Estrelando Daniel Furlan como “Giba”
e Mutuca Bacana.

Direção: Lucas Quintana
Roteiro: Rodrigo Ribeiro
Montagem: Tata Cerveira
Produção Executiva: Julia Cartier
Produção: Lara Rebibout
Direção de Fotografia: Lucas Quintana
Assitência de Fotografia: Bruno Busani
Colorista/Finalização: Carol Jessula
Direção de Arte: Priga Costa
Produção de Arte: Isabel Bardy Noronha
Figurino: Luiza Romar
Caracterização – Breno Reis
Alimentação – João Nicodemos

contato@mutucabacana.com

Curta a página da banda!


Fonte: CARACTAGS

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Ebook: Diálogo de Escritores Latinoamericanos


Gracias al apoyo de la Editorial Teseo, compartimos este libro digital que registra las conversaciones tan ricas y fructíferas que marcaron el primer Diálogo de Escritores Latinoamericanos.

América Latina es un concepto que nombra un territorio amplísimo que se extiende desde la frontera norte de México hasta el último extremo de Tierra del Fuego: es difícil pensar que pueda tener una literatura en común. Pero así se la concibe en manuales, catálogos e, incluso, en los estantes de bibliotecas y librerías. En el 2012, pusimos en marcha los primeros Diálogos de Escritores Latinoamericanos, con el objetivo de darle a esta literatura el lugar relevante que merece y, sobre todo, estimular un intercambio vivaz que permita entender mejor de qué estamos hablando.

En este libro se transcriben todas las mesas que tuvieron lugar en el marco del Diálogo: más de cuarenta escritores de once países, analizando temas tan dispares como paisajes, políticas, siestas y nuevas tecnologías. El resultado: conversaciones nutridas que pasan revista a una larga lista de autores y textos imperdibles. Una compilación para pensar, disfrutar y sembrar las ganas del próximo encuentro.

Participaron de las mesas: Leandro Ávalos Blacha, Gabriela Bejerman, Álvaro Bisama (Chile), Félix Bruzzone, Fernando Canedo (Bolivia), Esteban Castromán, Verónica Chiaravalli, Oliverio Coelho, Marcelo Cohen, Jorge Consiglio, Carlos Cortés (Costa Rica), Alejandra Costamagna (Chile), Washington Cucurto, Josefina Delgado, Claudina Domingo (México), Oscar Fariña (Paraguay), Silvina Friera, Tomás González (Colombia), Rafael Gumucio (Chile), Iosi Havilio, Andrés Hax, Laura Isola, Paulette Jonguitud Acosta (México), Anna Kazumi Stahl, Martín Kohan, Eduardo Lalo (Puerto Rico), Daniel Link, Ercole Lissardi (Uruguay), Josefina Ludmer, Lina Meruane (Chile), Luis Mey, Mónica Nepote (México), Guadalupe Nettel (México), Claudia Piñeiro, Cynthia Rimsky (Chile), Ricardo Romero, Hernán Ronsino, Ariel Schettini, Pablo Soler Frost (México), Gabriela Torres Olivares (México), Carlos Vallejo Moncayo (Ecuador), Hernán Vanoli, Irene Vilar (Puerto Rico), Alejandro Zambra (Chile) y Patricio Zunini.


Para baixar o arquivo, clique aqui.

Entrevista: Luta contra o preconceito linguístico


por Walter Pinto / Novembro e Dezembro 2012
foto Alexandre Moraes


Escritor, poeta e tradutor, Marcos Bagno, professor da Universidade de Brasília (UnB), vem se destacando na defesa da democratização das relações linguísticas no Brasil. Suas posições polêmicas são confundidas como espécie de “vale-tudo” pelos críticos, aos quais chama de “puristas” por defenderem a “pureza” da língua contra todas as formas inovadoras. Em entrevista ao Beira do Rio, concedida durante o II Congreso Internacional de Dialetologia e Sociolinguística (Cids), realizado na Universidade Federal do Pará (UFPA), de 24 a 27 de setembro deste ano, Bagno mostra que a língua que falamos é resultado de 500 anos de invasão portuguesa, do massacre sistemático dos povos indígenas, do sequestro e escravização de africanos.

Beira do Rio – Existe, de fato, um preconceito linguístico no Brasil? Como ele acontece?

Marcos Bagno – Sim, existe. Ele faz parte do conjunto de preconceitos que circulam na nossa sociedade: o racismo, o sexismo, a misoginia, a homofobia, o desprezo pelos pobres etc. O preconceito linguístico é resultante do tipo de formação histórica da nossa sociedade, uma sociedade colonizada, em que tudo o que é considerado bom vem de fora, nunca é o que temos de autenticamente nosso. Daí a ideia, absurda, de que nós, brasileiros, não sabemos falar a nossa língua, porque, afinal, ela se chama “português” e, sendo assim, só um povo chamado “português” poderia falar bem a língua, já que há coincidência de nome entre povo e língua. Isso é um absurdo sob todos os pontos de vista.

Beira do Rio – O subtítulo de seu livro “Não é errado falar assim!” é “em defesa do português brasileiro”. O que é o português brasileiro?

Marcos Bagno – É a língua materna da imensa maioria dos cidadãos deste país. Uma língua falada por quase 200 milhões de pessoas, o que faz dela a 3a língua mais falada no Ocidente, depois do espanhol e do inglês. É a língua que se formou em nosso território depois de 500 anos de invasão portuguesa, do massacre sistemático dos povos indígenas e do sequestro e escravização de africanos. É uma língua resultante de todos esses processos históricos, que não podem ser negados em favor de uma suposta “língua portuguesa” única, mítica e “pura”, que não existe nem jamais existiu.

Beira do Rio – Quais os erros dos professores de língua portuguesa que seguem a doutrina gramatical normativa-prescritiva?

Marcos Bagno – O erro único e central é justamente seguir essa doutrina. A gramática normativa (essa que ainda se pretende ensinar nas escolas) é uma doutrina ultrapassada, remonta ao século III a.C. Suas definições, seus termos, seus conceitos já foram criticados, revistos e até abandonados em grande parte pelas correntes das ciências da linguagem desde o século XIX. No entanto, por mera subserviência a uma tradição que, no fundo, é uma ideologia conservadora, as pessoas insistem em querer aprender e ensinar algo que não serve, rigorosamente, para nada. Por exemplo, os autores de livros didáticos, até hoje, insistem em dizer que as palavras “se flexionam em gênero, número e grau”, embora a investigação teórica consistente já tenha provado, há bastante tempo, que não existe “flexão” de grau, mas sim derivação, que é coisa bem diferente. Ainda se insiste em dizer que existe uma “3a pessoa do discurso”, quando é óbvio que ela não existe: o discurso se dá sempre entre EU e TU; a chamada “3a pessoa” não participa do discurso, ela é o assunto, aquilo sobre o que se fala. Por que condenar o advérbio “meia” (Como em “ela está meia cansada hoje”), se ele tem sido empregado há 500 anos por nossos melhores autores, desde Camões até Machado de Assis, e se é assim que os 200 milhões de brasileiros falam no dia a dia? O ensino sempre se pautou por um ideal de língua que parece ter medo ou nojo da língua falada pelas pessoas em geral, da língua viva, dinâmica, que varia no espaço e muda com o tempo.

Beira do Rio – Afinal, qual é o objetivo do ensino de língua portuguesa nas salas de aula?

Marcos Bagno – É promover o letramento ininterrupto de seus alunos. Letramento é um termo importantíssimo, hoje, na educação e na pesquisa linguística. Significa levar uma pessoa a se apoderar da leitura e da escrita e se tornar o mais competente possível nessas habilidades. Para isso, ninguém precisa saber o que é uma “oração subordinada substantiva objetiva direta reduzida de infinitivo”. É preciso ler e escrever, reler e reescrever, re-reler e re-reescrever sem parar. Automaticamente, no processo de letramento, as regras de funcionamento da língua são adquiridas e interiorizadas, sem necessidade de decoreba de nomenclatura nem de análise sintático-morfológica.

Beira do Rio – O senhor é um crítico dos professores de língua portuguesa que estão na mídia ensinando o que é certo e o que é errado. Explique o que há de errado com eles?

Marcos Bagno – Tudo. O que eles dizem não tem fundamentação científica alguma. Eles se apoiam, exclusivamente, na tradição gramatical normativa e num modelo arcaico de “língua certa” que não corresponde, há mais de 100 anos, nem sequer à escrita literária consagrada. Além disso, fazem muita confusão com os termos que empregam. Esse modelo de língua “certa”, por exemplo, recebe denominações como “língua padrão”, “língua formal”, “língua oficial”, “norma culta”, “língua culta”, “variedade culta”, “língua padrão formal”, “dialeto culto”, como se todas essas expressões fossem sinônimas. Só que não são. Nos estudos sociolinguísticos, as palavras língua, dialeto, variedade, padrão, norma, formal etc. têm definições bem específicas, que não podem ser misturadas.

Beira do Rio – Em conferência em Belém, o senhor apresentou resultado de pesquisa em que conclui que o português não deriva do latim, mas do galego. Mas, na mesma conferência, mostrou que o galego é uma derivação do latim vulgar. Então, não é lógico concluir que, em última instância, o português deriva do latim vulgar?

Marcos Bagno – A discussão está no nome que damos às línguas. Se o português vem do galego e o galego do latim, é claro que temos uma continuidade histórica, só nos nomes mudaram. Porém os nomes das línguas não são inocentes. Quando os estudos históricos fazem o vínculo direto “português—latim”, eles passam por cima do galego, da história e da geografia. Foi todo um processo ideológico que tentou apagar as origens galegas da língua portuguesa, para que o português fosse considerado uma língua tão nobre e importante quanto a latina.


Fonte: BEIRA DO RIO

Crítica - Bons ventos | Teatro e Dança


O jovem José Celso Martinez Corrêa, que escreveu a peça Vento Forte para um Papagaio Subir em 1958, na origem da Companhia Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona, segue como referência para o veterano diretor. A pipa, que simboliza a liberdade dos que a empinam – metáfora autobiográfica de quem desejava cortar o cordão umbilical com a família provinciana e voar com a contracultura –, ecoa poeticamente na atual temporada de Acordes.

No espaço entre as arquibancadas do histórico Teatro Oficina, desenhado pela arquiteta Lina Bo Bardi no bairro paulistano do Bixiga, plana um 14-Bis cenográfico, pilotado pelo aviador Santos-Dumont. O efeito visual confirma o poder de mixagem de épocas e conteúdos presentes no espetáculo, uma adaptação livre de A Peça Didática de Baden-Baden sobre o Acordo, de Bertolt Brecht, autor alemão que Zé Celso não encenava desde Galileu Galilei e Na Selva das Cidades, na década de 1960.

Brecht escreveu o drama musical com composições de Paul Hindemith em 1929, ano da grande depressão econômica dos Estados Unidos. O enredo evoca as raízes do capitalismo e questiona a ação da bondade, vista como um paliativo quando a sociedade clama por transformações. Durante a travessia do oceano Atlântico, um avião é obrigado a fazer um pouso de emergência. Em terra, os tripulantes apelam à ajuda de dois coros locais, que decidem se irão socorrê-los ou não. Como resiste às resoluções coletivas, o piloto sucumbe.

Escombros

Em apenas duas horas (duração menor que a de montagens recentes do Oficina, caso da obra-prima Os Sertões, cujas cinco partes somavam 27 horas), Acordes adota com clareza procedimentos do teatro épico, valorizando o texto narrativo e a argumentação. A montagem estimula o público a fazer escolhas diante do exposto. Estão em cena elementos da identidade profana da companhia, forjados ao longo de seus 54 anos: a carnavalização, a alegoria, a bossa nova, o jazz e, inclusive, o silêncio. Ao lado de imagens documentais ou captadas ao vivo, as palavras e os corpos dos quase 40 artistas-protagonistas são usados para criticar qualquer forma de violência, seja na cidade, seja no campo. Em alguns momentos, o canto coral perde o viço, mas o núcleo de atores e músicos, ao mesmo tempo potente e suave, sustenta a nave. Ela avança com a plateia até os escombros que ocupam o terreno atrás do teatro, alargando horizontes a céu aberto.

Valmir Santos é jornalista e pesquisador de teatro.

Serviço

A peça:Acordes. Direção de José Celso Martinez Corrêa. Com Companhia Teat(r)o Oficina Uzyna Uzona. Direção musical de Felipe Botelho e Montorfano. Teatro Oficina (R. Jaceguai, 520, SP). 6ª e sáb., às 21h; dom., às 20h; dia 23/12, às 14h30. Até 23/12. R$ 20. Todas as sessões são transmitidas ao vivo pelo site www.teatroficina.com.br.


Fonte: BRAVO!

300 anos do Vocabulário de Bluteau: o estudo e a ilustração da língua


MOSTRA | 28 novembro 2012 - 21 fevereiro 2013 | Sala de Referência | Entrada livre

Celebra-se este ano o tricentenário da publicação do Vocabulário Portuguez e Latino (1712-1728). Relembram-se, nesta exposição, a figura e a obra do autor, Rafael Bluteau (1638-1734), e também o trabalho fecundo e criativo dos teatinos, seus confrades, que inovaram os estudos linguísticos em Portugal, produzindo um conjunto de obras inaugurais, no âmbito da gramática, da ortografia e da lexicografia bilingue.

O grande Vocabulário, conhecido pela designação metonímica de Bluteau, é o primeiro dicionário autorizado pela memória escrita e pelo património literário. Repercutiu-se como obra instituidora em toda a subsequente elaboração lexicográfica portuguesa.

A obra de Bluteau ficou ligada ao Convento de Nossa Senhora da Divina Providência, Ordem dos Clérigos Regulares de S. Caetano (Teatinos). Ali se produziu um conjunto de trabalhos precursores de outros ilustres estudiosos como Jerónimo Contador de Argote (1676-1749), Manuel Caetano de Sousa (1658-1734), Luís Caetano de Lima (1671-1757) e José Barbosa (1674-1750). Estes e outros teatinos encontram-se na génese da fundação da Academia Real de História. São autores de uma vasta obra impressa e manuscrita que compreende os estudos linguísticos, a história, a genealogia, a teologia e ainda a releitura e síntese de tratados científicos da época. 

Além dos trabalhos publicados, recuperam-se nesta mostra obras inéditas e inacabadas, que se conservam manuscritas na Biblioteca Nacional, que se encontram ainda insuficientemente estudadas e podem dar um apreciável contributo para a história da cultura portuguesa.


Fonte: BNP