quarta-feira, 28 de novembro de 2012

“Salomé” terá novas récitas nesta segunda e quarta-feira

Após estrear com sucesso absoluto de público no último sábado, 24, a ópera “Salomé”, de Richard Strauss, terá duas novas récitas nesta segunda, 26, e quarta-feira, 28, na programação do XI Festival de Ópera do Theatro da Paz. As apresentações, sempre às 20h, reúnem no mesmo palco cantores, bailarinos e atores, além dos músicos da Orquestra Sinfônica do Theatro da Paz, sob regência do maestro paraense Miguel Campos Neto.

Baseado em um trecho bíblico, “Salomé” conta a história da protagonista homônima, que se apaixona pelo profeta João Batista. O libreto de Hedwig Lachmann traz a Salomé descrita no texto teatral de Oscar Wilde, uma vez que nem São Mateus e nem São Marcos entram em tantos detalhes sobre ela no Novo Testamento. Wilde narra a trajetória de uma menina mimada e rica que é rejeitada por João Batista, que começa a ganhar a empatia do povo.

O profeta andava pela Judeia pregando a chegada do Salvador Jesus Cristo, mas também vinha condenando o casamento da mãe de Salomé, Herodíades, com o cunhado, Herodes Antipas, um dos quatro filhos do rei Herodes – responsável, no passado, pela morte de milhares de recém-nascidos a fim de descobrir o menino Jesus Cristo.

Já no ano de 26 d.C, Salomé então com 15 anos de idade, era linda e de temperamento perverso, segundo a descrição de Wilde. O ápice da história acontece no palácio de Herodes, na noite de seu aniversário. O rei, apaixonado pela beleza e sensualidade de Salomé, pede que ela dance para ele. Se assim o fizesse, ela poderia lhe pedir o que quisesse. Herodíades, com ódio de João Batista, sugere à filha que dance e peça em troca a cabeça de João Batista.

ESTREIA

Apontado como um dos maiores desafios do Festival de Ópera do Theatro da Paz em seus mais de dez anos de existência, o espetáculo foi recebido com aplausos e elogios por parte do público que lotou o TP no último domingo. Os ingressos, esgotados desde o dia 12 deste mês, foram bastante procurados até a noite da estreia. Acostumada a prestigiar o evento, a expectadora Luiza Soares garantiu a sua entrada um mês antes da estreia. “Valeu muito a pena. Acompanho o Festival desde 2006 e esta edição está sendo muito especial. ‘Salomé’ é tudo o que foi dito e muito mais. Gostei muito”, elogiou.

A performance de Annemarie Kremer surpreendeu Bianca Mendonça, que há muito tempo não assistia a um concerto do Festival. “Salomé” é uma obra que exige vocalidade intensa. A soprano Annemarie Kremer e não sai de cena nenhuma vez, nos 110 minutos de duração da peça. “A história é muito trágica e a ópera tem cenas muito emocionantes, que me deixaram impressionada. A cantora que faz Salomé é muito boa e a sua interpretação com a cabeça de João Batista é chocante e maravilhosa. Este espetáculo me deixou curiosa pela programação do ano que vem”, conta Bianca.

Para chegar a este resultado foram muitos meses de trabalho e dedicação. “Quando resolvemos montar ‘Salomé’ aqui em Belém, algumas pessoas se espantaram com a iniciativa. Esta ópera é considerada uma das mais difíceis, tanto na orquestração, como em termos dramáticos e de canto”, explica Mauro Wrona, que assina a direção cênica do espetáculo e divide a direção artística do Festival com Gilberto Chaves. “Nos saímos muito bem, a OSTP fez um trabalho brilhante e conseguimos reunir um grupo de cantores competentíssimos, como Rodrigo Estevez (João Batista), Paulo Queiroz (Herodes) e a holandesa Annemarie Kremer (Salomé)”, avalia o diretor.

Gilberto Chaves também destaca o desafio que foi montar “Salomé”. “O encontro entre Oscar Wilde e Strauss, estes dois gênios, é inovador, e o resultado é bastante complicado, tanto musicalmente, para os músicos e cantores, quanto para a equipe técnica, que tem o desafio de traduzir em imagens a composição”, explica.

A OSTP ensaiou desde agosto até a atingir a excelência exigida para tocar esta composição, considerada dificílima por especialistas. “A orquestra está interpretando a partitura com maestria, as dúvidas a respeito desta apresentação não existem mais. Foi um trabalho árduo para todos os envolvidos”, comemorou o maestro Miguel Campos Neto.

Após as récitas de “Salomé”, a programação do XI Festival de Ópera será encerrada no dia 1º de dezembro, com um espetáculo em frente ao teatro-monumento de Belém, na Praça da República. O espetáculo, que começa às 20h, terá apresentação da OSTP, Orquestra Jovem Vale Música, Coral Lírico do Festival, companhias de dança Ana Hunger e Clara Pinto, além de vários cantores líricos que fizeram parte do Festival. No repertório, composições conhecidas, como Canção do Toreador, da ópera “Carmen”, de Bizet, e “Bolero”, de Maurice Ravel.

O evento é uma realização do Governo do Estado, por meio da Secretaria de Cultura e Theatro da Paz, com apoio da Academia Paraense de Música e Fundação Amazônica de Música.

(Com reportagem de Julia Garcia e Luciana Medeiros)

SERVIÇO

A ópera “Salomé” será reapresentada nesta segunda, 26, e quarta-feira, 28, às 20h, no Theatro da Paz. O encerramento do Festival de Ópera será dia 1º de dezembro, às 20h, em frente ao teatro. Mais informações: 4009-8750.


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